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EBD adulto: A Conspiração de Hamã contra os Judeus – Lição 09

       Capa da lição 08.  —  Foto/Reprodução/divulgação.
 
EBD adulto: A Conspiração de Hamã contra os Judeus – Lição 09.
Publicado no Conexão Notícia em 27.agosto.2024.     

Grupo no WhatsApp O comportamento de Hamã é um exemplo claro de como o poder pode ser distorcido por sentimentos de vingança e ódio.
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TEXTO ÁUREO

“E odiados de todos sereis por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até ao fim será salvo.” (Mt 10.22)

VERDADE PRÁTICA

Quando nos tornamos agradáveis ao mundo é sinal de que nossa fidelidade a Deus está em crise.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Ester 3.7-11; 4.1-4

INTRODUÇÃO

Na lição anterior, vimos que Mardoqueu não se inclinava nem se prostrava diante de Hamã. Nesta lição, estudaremos a respeito do plano de Hamã para exterminar todos os judeus do reino da Pérsia. Veremos, também, como o povo judeu tem sido perseguido ao longo de toda a história. Israel sobrevive pela providência divina.

PALAVRA-CHAVE: CONSPIRAÇÃO

I- O PLANO ODIOSO DE HAMÃ

1- Intrigas e patologias do poder

A conduta de Mardoqueu incomodou aos demais servos do rei. Eles o questionavam todos os dias: “Porque traspassas o mandado do rei?” (Et 3.3). Mardoqueu disse apenas que era judeu. Incomodados, seus conservos foram denunciá-lo a Hamã para verem se Mardoqueu continuaria com a mesma postura. Pelo visto não era um zelo sincero pela palavra do rei. Pareceu mais uma tentativa de jogar lenha na fogueira. Invejas e intrigas costumam reinar em todo o tipo de grupo social. 
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Hamã ficou furioso e reagiu de maneira absolutamente desproporcional. Revelando uma personalidade doentia, planejou o extermínio de todos os judeus (Et 3.4-6). Quem exerce autoridade, em qualquer área da vida, precisa agir com serenidade, sabendo que todos temos um Senhor nos céus (Ef 6.9; 1 Pe 5.2,3). Abuso de poder leva à queda (Pv 16.18).

O comportamento de Hamã é um exemplo claro de como o poder pode ser distorcido por sentimentos de vingança e ódio. A história bíblica está repleta de narrativas onde o ódio e a vingança resultam em tragédias. Por exemplo, a disputa entre Saul e Davi. Saul, consumido pela inveja e pelo medo de perder seu trono, perseguiu Davi incessantemente, apesar da lealdade e inocência deste último (1 Samuel 18-26). Essa perseguição não apenas trouxe sofrimento a Davi, mas também causou grande instabilidade em Israel.

Mardoqueu demonstra sabedoria e prudência em sua resposta.

Em vez de retaliar ou se defender agressivamente, ele simplesmente se manteve fiel à sua identidade e fé. A Bíblia nos ensina que a sabedoria começa com o temor do Senhor (Provérbios 9:10) e que devemos ser prudentes em nossas ações (Provérbios 14:15). Jesus também nos exorta a ser “prudentes como as serpentes e simples como as pombas” (Mateus 10:16).

A Bíblia condena a vingança. 

Em Romanos 12:19, Paulo escreve: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor.” Esta passagem nos lembra que a vingança pertence a Deus, e que devemos confiar Nele para justiça. Além disso, o Salmo 37:8 aconselha: “Deixa a ira e abandona o furor; não te enfades de forma alguma para fazer o mal.”
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2- A extensão do plano.

O Império Persa abrangia todo o Antigo Oriente Próximo, desde o rio Indo, na Índia (hoje no Paquistão) até o Mediterrâneo Oriental. Incluía parte do Norte da África, até a Etiópia, e se estendia para além do mar Egeu (até a Trácia, na Europa; parte da atual Turquia, Grécia e Bulgária). Em linha reta, de um extremo a outro, eram mais de 4 mil quilômetros. Em todo esse território havia inúmeras comunidades judaicas. Hamã planejou a destruição dos judeus de todo o reino de Assuero (Et 3.6). Isso incluía até os que haviam retornado para Jerusalém.

Hamã, em seu ódio desmedido, não se contentou em punir apenas Mardoqueu, mas decidiu exterminar todos os judeus. Este plano genocida revela um coração profundamente corrompido e uma mente envenenada por preconceitos e inimizades intergeracionais. A intenção de Hamã era apagar completamente a presença do povo judeu do império, o que mostra a gravidade de sua maldade.

O ódio de Hamã pelos judeus pode ter raízes históricas e culturais profundas.

A identificação de Hamã como agagita sugere uma ligação com os amalequitas, inimigos históricos de Israel. Os amalequitas haviam sido combatidos e derrotados por Saul e Samuel (1 Samuel 15). Este conflito antigo poderia ter alimentado a animosidade de Hamã contra os judeus.

O plano de Hamã, embora vasto e devastador, foi frustrado pela intervenção divina. A extensão do Império Persa e a presença judaica em todas as suas regiões tornavam a ameaça ainda mais grave, mas Deus, em Sua soberania, protegeu o Seu povo.

3- Astúcia e oportunismo

Hamã convenceu Assuero escondendo sua verdadeira motivação, que era pessoal. Disse que havia um povo no reino que tinha leis diferentes e não cumpria as leis do rei. Por isso, convinha que fosse exterminado (Et 3.8). Se Assuero decretasse a morte desse povo, Hamã entregaria 10 mil talentos de pratas (cerca 350 toneladas) para o tesouro real, o equivalente a dois terços da renda anual do Império Persa (Et 3.9). 
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O texto bíblico nos permite entender que Assuero concordou com Hamã sem questionar de que povo tratava. Simplesmente tirou seu anel e o deu a Hamã, a quem coube definir os termos da carta a ser enviada a todas as províncias, assinada em nome do rei (Et 3.10-12). Nesse episódio, Assuero mostrou-se facilmente manipulável. Hamã soube apelar para o seu ego. Liderar requer prudência e sabedoria para identificar desavenças pessoais disfarçadas de motivações, aparentemente, nobres.

Liderar requer prudência e sabedoria para identificar desavenças pessoais disfarçadas de motivações aparentemente nobres. Assuero, ao ceder ao conselho de Hamã sem investigação, demonstrou uma falha crítica em sua liderança. 

A Bíblia adverte contra tais comportamentos em Provérbios 14:15: “O simples dá crédito a toda palavra, mas o prudente atenta para os seus passos”. Além disso, em Tiago 1:5, somos encorajados a buscar sabedoria de Deus, que “a todos dá liberalmente e não censura”, para que possamos discernir corretamente.

Ao longo das Escrituras, encontramos exemplos de líderes que exerceram discernimento e evitaram manipulação. Um exemplo é o rei Salomão, que pediu a Deus sabedoria para governar o povo de Israel (1 Reis 3:9). Sua famosa decisão no caso das duas mulheres que disputavam a maternidade de um bebê (1 Reis 3:16-28) mostrou uma capacidade de discernir a verdade e agir com justiça.

Outro exemplo é Neemias, que quando soube das intrigas e conspirações contra ele, tomou medidas prudentes para proteger a obra de reconstrução de Jerusalém (Neemias 4:8-9). Neemias não se deixou enganar por aqueles que queriam lhe fazer mal, demonstrando uma liderança sábia e vigilante.
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Para os líderes cristãos hoje, este episódio serve como um lembrete da importância de buscar sempre a orientação de Deus e de ser vigilante contra as armadilhas da manipulação. Em 1 Pedro 5:8, somos advertidos: “Sede sóbrios, vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar”. A liderança espiritual exige um coração puro e um espírito discernente, sempre atento às influências que podem desviar do caminho da justiça e da verdade.

Além disso, devemos estar atentos às nossas próprias motivações e à forma como influenciamos os outros. Filipenses 2:3-4 nos instrui: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros”

II- A TRISTEZA DE MARDOQUEU, DOS JUDEUS E DE ESTER

1- O pavor da violência

No dia definido para a morte dos judeus, ninguém deveria ser poupado. A ordem expressa era “que destruíssem, matassem e lançassem a perder a todos os judeus desde o moço até ao velho, crianças e mulheres, em um mesmo dia”, e que todos os seus bens fossem saqueados (Et 3.13). 

Hamã destilou todo o seu ódio no texto que preparou. Não há registro de levante algum dos judeus durante o Império Persa. Mesmo assim, todos corriam o risco de serem vítimas da perversidade de Hamã. Iniciada por Caim, a violência apavora a humanidade em todos os tempos, e, infelizmente, cresce a cada dia (Gn 6.11-13; 2 Tm 3.1-4).
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A violência é uma realidade que tem atormentado a humanidade desde os tempos bíblicos. Iniciada por Caim, que matou seu irmão Abel por inveja e raiva (Gênesis 4:8), a violência tem se perpetuado ao longo das gerações. Na época de Noé, a terra estava corrompida pela violência, o que levou Deus a enviar o dilúvio como julgamento (Gênesis 6:11-13). A violência é uma expressão do pecado e da depravação do coração humano, que se afasta dos caminhos de Deus.

O plano de Hamã para exterminar os judeus é um exemplo da violência que pode surgir da inveja e do ódio. Hamã não se contentou em buscar vingança pessoal contra Mardoqueu, mas estendeu seu ódio a todo o povo judeu. Sua ordem de matar indiscriminadamente homens, mulheres e crianças em um único dia mostra a extensão de sua maldade e a gravidade da violência planejada.

A violência proposta por Hamã tinha como objetivo não apenas destruir vidas, mas também causar um impacto profundo no povo judeu, criando um clima de terror e desesperança. Isso nos lembra de outros momentos na história bíblica onde a violência ameaçou o povo de Deus, como no caso do faraó do Egito que ordenou a morte de todos os meninos hebreus recém-nascidos (Êxodo 1:22).

A resposta cristã à violência é dupla: primeiro, através da oração e da intercessão, buscando a proteção e a intervenção divina. Ester e Mardoqueu convocaram os judeus a jejuar e orar antes de Ester se apresentar ao rei para interceder pelo seu povo (Ester 4:16). Segundo, através de ações práticas de amor e justiça. 
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A Bíblia nos exorta a não retribuir mal por mal, mas a vencer o mal com o bem (Romanos 12:17-21). Devemos também trabalhar para promover a justiça e defender os oprimidos, seguindo o exemplo de Jesus, que veio para “anunciar liberdade aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos” (Lucas 4:18).

2- Bebida, confusão e tristeza

O Império Persa tinha um sistema de correios muito eficiente, principalmente em função da estrada real, que ia de Susã a Sardes, na província da Lídia (hoje território turco). Depois das cartas enviadas a cada província, Assuero e Hamã puseram-se a beber. Os moradores de Susã, contudo, ficaram confusos, certamente por não entenderem a repentina e esdrúxula ordem do rei. 

Mardoqueu entrou em profunda tristeza. Rasgando suas vestes, vestiu-se de pano de saco com cinza e saiu pela cidade “clamando em alta voz e soltando gritos de amargura” (Et 4.1 – NAA). Ester ficou muito aflita. À medida que as cartas chegavam às províncias, a reação era a mesma. Havia um clima de luto, com jejum, choro e lamentação (Et 4.3,4). Só Deus pode frear a impetuosa maldade humana (Sl 22.28; Rm 1.18-20; Ap 19.11-16).

Ester, ao ser informada da situação de Mardoqueu, ficou muito aflita. Apesar de sua posição privilegiada no palácio, ela não estava imune ao sofrimento de seu povo. Ester imediatamente tentou aliviar o sofrimento de Mardoqueu enviando-lhe roupas para substituir o pano de saco, mas ele recusou, demonstrando a seriedade e a gravidade da situação (Ester 4:4).

À medida que as cartas chegavam às províncias, a reação era a mesma. Havia um clima de luto, com jejum, choro e lamentação (Ester 4:3). Os judeus de todo o império se uniram em oração e jejum, buscando a intervenção divina. 

Este período de luto coletivo e jejum demonstra a profunda fé do povo judeu em Deus, mesmo diante de uma ameaça tão grave. A união deles em jejum e oração reflete a compreensão de que somente Deus poderia salvá-los da destruição iminente.

Neste contexto de confusão e tristeza, a Bíblia nos lembra que só Deus pode frear a impetuosa maldade humana (Salmo 22:28; Romanos 1:18-20; Apocalipse 19:11-16). A providência divina é um tema principal no livro de Ester, embora o nome de Deus não apareça explicitamente. 
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A historia bíblica mostra como Deus, de maneira soberana, dirige os eventos para o bem de Seu povo. Portanto, a fé de Mardoqueu e Ester, e a eventual intervenção divina, ilustram a verdade de que Deus está no controle de todas as coisas, mesmo quando a situação parece desesperadora.

3-  Crise e clamor

O decreto de Assuero tirou a tranquilidade de todos os judeus e os levou a buscar o socorro divino (Et 4.3). Se, de um lado, havia a fé e a bravura dos 50 mil judeus que foram a Jerusalém para reedificá-la, liderados por Zorobabel (Ed 2.1,2,64-70), de outro lado havia a aparente tranquilidade dos que decidiram ficar em suas próprias habitações, por todo o Império Persa. Mesmo dentre os que foram a Jerusalém, muitos se dedicaram a construir casas luxuosas, dando pouco valor à reconstrução do Templo, como denunciam os profetas pós-exílicos Ageu e Zacarias (Ag 1.9; Zc 8.9-13).

Agora, todos corriam o risco de ser exterminados. Por que, muitas vezes, precisamos experimentar crises para buscar a Deus de todo o coração (Is 55.6)? O correto é fazer como Daniel, que orava em todo tempo (Dn 6.10). Somente com uma vida de oração constante, em casa e no templo, podemos vencer o mal (Ef 6.18; 1 Ts 5.17).

A crise atual levou todos os judeus a um clamor coletivo por socorro divino. Muitas vezes, as crises nos forçam a buscar a Deus de todo o coração, como mencionado em Isaías 55:6: “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar; invocai-o enquanto está perto.” Esse versículo reflete a tendência humana de se voltar para Deus em momentos de dificuldade extrema, quando nossa autossuficiência é desafiada e nossa necessidade de intervenção divina se torna evidente.

No entanto, diferente da resposta reativa diante de crises, o exemplo de Daniel nos mostra a importância da oração constante e da comunhão diária com Deus.
Daniel orava três vezes ao dia, demonstrando um compromisso inabalável com a sua vida espiritual (Daniel 6:10). Em contraste com a resposta desesperada que frequentemente surge em meio a crises, a prática constante da oração fortalece nossa relação com Deus e nos prepara para enfrentar as adversidades com fé e confiança.
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Portanto, como cristãos, devemos orar continuamente, tanto em momentos de paz quanto em tempos de crise. Efésios 6:18 nos exorta a “orar em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito”, e 1 Tessalonicenses 5:17 nos lembra a “orai sem cessar”. Assim, a vida de oração constante não apenas nos fortalece espiritualmente, mas também nos prepara para enfrentar o mal e as adversidades com uma confiança sólida em Deus.

III- O PERIGO E A CRUELDADE DO ANTISSEMITISMO MODERNO

1- Faces do antissemitismo

De forma prática, antissemitismo é hostilidade sistemática contra os judeus. É possível verificar, ao longo da história, três faces de expressão desse ódio obstinado: antissemitismo religioso, nacionalista e racial. 

No aspecto religioso, destacam-se as perseguições, como a do século XIV, quando os judeus foram acusados de serem os responsáveis pela peste negra, que assolou a Europa em 1348. Também durante a Idade Média, sofreram intensa perseguição pela Inquisição, principalmente a partir de 1478, na Espanha, por ordem do papa Sisto IV (1414-1484), e partir de 1536, em Portugal, pela instituição oficial do Tribunal do Santo Ofício pelo papa Paulo III (1468-1549).

O objetivo principal era combater o que chamavam de “heresia judaica”. Milhões de judeus foram espoliados, torturados, execrados e mortos por não aderirem ao catolicismo e por questões econômicas e políticas. A primeira ordem de confinamento de judeus em guetos não foi de Adolf Hitler, no século XX. 

Foi do papa Paulo IV, em 1555, e atingiu todos os Estados papais por mais de 300 anos. “O que os inimigos de Israel querem não é um acordo que lhes garanta um lugar para viver. Sua verdadeira causa é o extermínio do Estado de Israel.”

Nos primeiros séculos do cristianismo, após a destruição do Templo em Jerusalém em 70 d.C., alguns cristãos passaram a ver os judeus como responsáveis pela morte de Jesus, um conceito conhecido como “deicídio”. 
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Consequentemente, isso alimentou uma atitude hostil que perdurou por muitos séculos. Além disso, padres da Igreja, como João Crisóstomo, pregavam sermões inflamados contra os judeus, perpetuando estereótipos negativos e promovendo a segregação.

Durante a Idade Média, o antissemitismo religioso atingiu novos patamares. Assim, os judeus frequentemente enfrentavam acusações de heresia, e rumores infundados, como o libelo de sangue (a alegação de que os judeus usavam o sangue de crianças cristãs em rituais), eram comuns. 

Por outro lado, as Cruzadas, que começaram no final do século XI, foram marcadas por massacres de comunidades judaicas em cidades europeias enquanto os cruzados se dirigiam à Terra Santa. De fato, esses ataques eram justificados por uma fervorosa retórica religiosa.

Além disso, a Inquisição, especialmente a Espanhola e a Portuguesa, instituída no final do século XV, intensificou a perseguição aos judeus. Os judeus que se converteram ao catolicismo, conhecidos como “conversos” ou “marranos”, eram constantemente suspeitos de praticar o judaísmo em segredo. Muitos foram interrogados, torturados e executados pelo Tribunal do Santo Ofício, que visava purificar a fé católica.

Por fim, a prática de confinar judeus em guetos, iniciada pelo papa Paulo IV em 1555, é outro exemplo de antissemitismo religioso. Os judeus eram segregados e forçados a viver em condições precárias, impedidos de interagir livremente com os cristãos. Dessa forma, este confinamento visava não apenas marginalizar os judeus economicamente, mas também restringi-los socialmente e religiosamente.

2- Antissemitismo nacionalista e racial

O aspecto nacionalista pode ser visto no século XIX e no início do século XX, na Ucrânia e na Rússia, através dos chamados pogroms, violentos ataques físicos indiscriminados aos judeus. A prosperidade dos judeus causava ódio, alimentado por teorias de conspiração. O povo judeu era apontado como culpado pelas crises econômicas de países do Leste Europeu, levando-os a reagir violentamente contra as comunidades judaicas. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), Adolf Hitler protagonizou o antissemitismo racial, ao proclamar a superioridade da raça ariana. O Holocausto exterminou 6 milhões de judeus em toda a Europa.
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“Pogrom” é uma palavra de origem russa que significa “devastação” ou “destruição”. Historicamente, o termo descreve ataques violentos e organizados contra comunidades judaicas, principalmente na Rússia e em outras partes do Império Russo, mas também em outras regiões da Europa Oriental.

Pogroms na Ucrânia e Rússia

Pogroms de 1881-1884: Após o assassinato do czar Alexandre II, uma onda de pogroms varreu o Império Russo. Judeus sofreram massacres, destruíram suas propriedades e devastaram muitas comunidades judaicas.

Pogroms de Kishinev (1903 e 1905): Em Kishinev, na Bessarábia, atacaram brutalmente judeus, resultando em mortes, ferimentos e destruição de propriedades. Esses eventos chocaram o mundo e destacaram a vulnerabilidade das comunidades judaicas no Império Russo.

A prosperidade dos judeus frequentemente era vista com desconfiança e ódio, exacerbado por teorias de conspiração que culpavam os judeus pelas crises econômicas e outros problemas sociais. A população local, alimentada por propaganda antijudaica, via os judeus como uma ameaça ao bem-estar nacional, o que frequentemente levava a reações violentas.

Antissemitismo Racial

O antissemitismo racial atingiu seu ápice durante a Segunda Guerra Mundial sob o regime nazista de Adolf Hitler. Este tipo de antissemitismo baseava-se na crença na superioridade da raça ariana e na necessidade de purificação racial.

O Holocausto

Propaganda Nazista: Hitler e os nazistas promoveram a ideia de que os judeus eram uma raça inferior e uma ameaça à pureza e prosperidade da Alemanha e da Europa. Essa propaganda se espalhou por discursos, filmes, livros e outras formas de mídia.

Extermínio Sistemático: A implementação da “Solução Final” levou ao extermínio sistemático de aproximadamente 6 milhões de judeus em campos de concentração e extermínio como Auschwitz, Treblinka e Sobibor. O Holocausto é um dos exemplos mais extremos de genocídio baseado em ódio racial.

O antissemitismo racial não se limitou à Alemanha. Outros países aliados dos nazistas ou ocupados por eles também participaram da perseguição e extermínio dos judeus. Este ódio racial foi institucionalizado, com leis antijudaicas, deportações em massa e execuções.
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3- Antissemitismo hoje

A criação do Estado de Israel, em 1948, não garantiu paz aos judeus. O país vive em estado de alerta em função de ataques terroristas internos e externos, feitos em nome de uma causa palestina. 

O mais brutal da história recente ocorreu em outubro de 2023. Cinco grupos palestinos armados uniram-se ao Hamas, e, partir da Faixa de Gaza, atacaram Israel por ar, terra e mar, cometendo barbáries inimagináveis contra civis e deixando cerca de mil e duzentos mortos, além de levar cerca de mais de 200 pessoas reféns.

Depois disso, os casos de antissemitismo aumentaram em várias partes do mundo. O que os inimigos de Israel querem não é um acordo que lhes garanta um lugar para viver. Sua verdadeira causa é o extermínio do Estado de Israel. Só Jesus, o Messias, salvará Israel, quando de sua conversão nacional (Is 11.10-16; Ez 37.12-14; Zc 12; 13; 14.4-9; Rm 11.26; Ap 1.7).

O aumento das hostilidades e ataques contra Israel em 2023 também gerou um crescimento alarmante do antissemitismo em várias partes do mundo.

A escalada do antissemitismo não se limita apenas a ataques físicos, mas também se manifesta em discursos de ódio, vandalismo contra propriedades judaicas e um crescente número de incidentes antijudaicos.

Discursos de Ódio e Vandalismo: Em vários países, sinagogas, escolas e centros comunitários judaicos foram alvo de vandalismo e ataques. Além disso, discursos antissemitas se tornaram mais frequentes nas redes sociais e em plataformas públicas.

Teorias da Conspiração: As teorias da conspiração antissemitas, que retratam os judeus como manipuladores secretos por trás de crises globais, continuam a circular e alimentar o ódio e a desinformação.
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Reações Internacionais: Enquanto alguns países e organizações internacionais condenam o antissemitismo, há uma crescente preocupação com a indiferença ou até mesmo o apoio implícito a atitudes antissemitas, especialmente quando estão ligadas a críticas ao Estado de Israel. O antissemitismo persistente e a hostilidade contra Israel refletem uma realidade sombria, mas há esperança na fé e nas promessas bíblicas.

A Bíblia prevê uma redenção futura para Israel e a conversão nacional dos judeus.

1. Isaías 11:10-16: Profetiza que o Senhor restaurará o remanescente de Israel e reunirá os judeus dispersos.
2. Ezequiel 37:12-14: Fala da ressurreição espiritual e da restauração do povo de Israel.
3. Zacarias 12; 13; 14:4-9: Prediz o arrependimento e a conversão nacional de Israel, e o papel de Deus na proteção e na salvação de Seu povo.
4. Romanos 11:26: Aponta para a promessa de que “todo Israel será salvo” no final dos tempos.
5. Apocalipse 1:7: Revela que Cristo retornará e todo olho O verá, incluindo aqueles que O transpassaram, refletindo o cumprimento das promessas messiânicas.

CONCLUSÃO

O antissemitismo não se revela apenas através de atos hostis, mas também de apoio aberto ou posturas complacentes aos inimigos de Israel, como os grupos terroristas, ou, ainda, por meio de críticas sistemáticas aos atos de defesa israelenses, pintando o país como o vilão da história. A despeito dos pecados dos judeus, Deus tem um plano com Israel e vai restaurá-lo quando, arrependido, aceitar o Messias (Rm 11.25-32). “[Oremos] pela paz de Jerusalém!” (Sl 122.6).

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As informações são do CiPiAiD.

Edição Geral: CN.

Publicação
CN - Conexão Notícia - www.cnoticia.com.br.

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EBD adulto: A Resistência de Mardoqueu – Subsidio Lição 08.
       Capa da lição 08.  —  Foto/Reprodução/divulgação.
 
Publicado no Conexão Notícia em 26.agosto.2024.     

Grupo no WhatsApp A atitude de Mardoqueu exemplifica a lealdade que um servo de Deus deve ter, mesmo em ambientes corruptos e hostis.
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TEXTO ÁUREO

“Então, os servos do rei, que estavam à porta do rei, disseram a Mardoqueu: Por que traspassas o mandado do rei?” (Ester 3.3)

VERDADE PRÁTICA

Como cristãos, somos sujeitos a conflitos ético morais e devemos decidir sempre de acordo com a vontade e a orientação de Deus.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Ester 2.21-23; 3.1-6

INTRODUÇÃO

A ascensão de Ester ao trono foi celebrada com grande festa. Assuero decretou feriado e se mostrou muito generoso, distribuindo presentes aos seus súditos. Mesmo na condição de rainha, Ester permaneceu obedecendo a Mardoqueu: não revelou a ninguém que era judia. Havia muito o que acontecer na corte. Conspiração, inveja e tramas. A história continua.

PALAVRA-CHAVE: RESISTÊNCIA

I- MARDOQUEU DESCOBRE UMA CONSPIRAÇÃO CONTRA O REI
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1- Os bastidores do poder

Ambientes de poder costumam ser cercados de sentimentos facciosos. É da natureza humana caída alimentar discórdias, intrigas e ressentimentos, os quais, quando não dissipados, levam a terríveis tragédias. Nem o meio evangélico fica isento. Isso é de origem maligna e deve ser rejeitado pelo verdadeiro cristão (Tg 3.14-18). 

Nos dias de Assuero, dois de seus guardas, Bigtã e Teres, ficaram muito indignados contra o rei e tramaram assassiná-lo. Mardoqueu trabalhava junto à porta do palácio e ficou sabendo do plano. Fiel ao rei, contou a Ester para que o avisasse, o que ela fez em nome de Mardoqueu (Et 2.21,22). O fato de ter sido promovida a uma posição elevada, não envaideceu Ester: ela não se envergonhou do primo e nem aproveitou da informação para projetar ainda mais o próprio nome. Além de permanecer obedecendo a Mardoqueu, transmitiu ao rei a informação dando-lhe o devido crédito (Et 2.20,22b).

A atitude de Mardoqueu exemplifica a lealdade que um servo de Deus deve ter, mesmo em ambientes corruptos e hostis. Ele poderia ter ignorado a trama ou até usado a informação para ganho próprio, mas escolheu agir com integridade. Ao contar a Ester sobre a conspiração, ele demonstrou fidelidade ao rei e, mais importante, um compromisso com a justiça e a proteção da vida.

Por outro lado, a promoção a uma posição elevada não envaideceu Ester.
Ela não se envergonhou do primo e nem aproveitou da informação para projetar ainda mais o próprio nome. Além de permanecer obedecendo a Mardoqueu, transmitiu ao rei a informação dando-lhe o devido crédito (Ester 2:20,22b). Ester agiu com humildade e respeito, reconhecendo a importância de honrar aqueles que a ajudaram a chegar onde estava. 
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Este episódio também traz valiosas lições para os cristãos hoje. Em ambientes de poder, seja no trabalho, na igreja ou na sociedade, frequentemente enfrentamos a tentação de agir com egoísmo e deslealdade. No entanto, como seguidores de Cristo, devemos viver de maneira diferente. Tiago 3:14-18 nos admoesta a rejeitar a inveja amarga e o sentimento faccioso, buscando, ao invés disso, a sabedoria que vem do alto, que é pura, pacífica, amável, compreensiva, cheia de misericórdia e bons frutos, imparcial e sincera.

A integridade de Mardoqueu e a humildade de Ester são exemplos de como devemos nos comportar em qualquer posição de autoridade ou influência que ocupemos. Eles nos lembram que a verdadeira grandeza não está em acumular poder ou status, mas em servir aos outros com justiça, humildade e lealdade. No ambiente evangélico, assim como em qualquer outra esfera, é fundamental cultivar uma atitude de serviço e um compromisso com a verdade, evitando as armadilhas da ambição e do ressentimento.

2- A investigação

A atitude de Ester se revelou não apenas eticamente correta, mas também revestida de prudência. Embora possivelmente ela não imaginasse, houve uma investigação prévia para apurar a informação, descobrindo-se que, de fato, havia um plano homicida em andamento. Bigtã e Teres foram enforcados (Et 2.23). Mardoqueu certamente buscou certificar-se da conversa que ouviu, antes de transmiti-la a Ester. O rei, mesmo ouvindo da rainha, teve o cuidado de apurar a informação.

É uma questão de justiça. Nesse ponto, Assuero agiu como um líder sensato e não exerceu o poder de forma precipitada. Mesmo sendo confiáveis as fontes, como no caso de Mardoqueu e Ester, é conveniente que se busque comprovar toda acusação, para não cometer injustiça (Êx 23.7; Pv 17.15). Agir com base apenas no “ouvi dizer” estimula fofocas e torna o líder suscetível a manipulações. “Que Deus guarde o nosso coração de toda inimizade e porfia. A vingança não nos pertence. Como filhos de Deus, devemos perdoar e buscar a paz.”
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A Bíblia enfatiza a importância de uma investigação justa e minuciosa. Por exemplo, em Deuteronômio 19:15, lemos sobre a necessidade de duas ou três testemunhas para confirmar um assunto. Esse princípio busca garantir que a verdade seja estabelecida com clareza e que não haja espaço para falsas acusações ou julgamentos precipitados. Assuero, ao investigar a trama contra sua vida, demonstrou um compromisso com a justiça e a verdade, o que é essencial para qualquer liderança eficaz.

A prudência na investigação também é um escudo contra a injustiça e a manipulação.
Assim, um líder que age com base em rumores ou informações não verificadas pode facilmente cometer injustiças. Isso é particularmente relevante no contexto de poder, onde as intrigas e conspirações são comuns. “Que Deus guarde o nosso coração de toda inimizade e porfia. A vingança não nos pertence. Como filhos de Deus, devemos perdoar e buscar a paz.”

Portanto, a postura cristã, conforme ensinada por Jesus e pelos apóstolos, é de perdão e busca pela paz. Romanos 12:19-21 nos lembra que a vingança pertence ao Senhor e que devemos vencer o mal com o bem. Esse princípio é importante para evitar que a justiça se transforme em vingança pessoal. Em situações de conflito e acusação, uma investigação justa é essencial para garantir que nossas ações sejam guiadas pela verdade, e não por sentimentos de raiva ou vingança.

3- O registro dos fatos

Desde a Antiguidade, era costume registrar os fatos ocorridos no cotidiano das cortes. As crônicas do rei ficavam arquivadas para serem consultadas (Et 6.1). O ato de fidelidade de Mardoqueu e a importância que teve para o rei e seu reino ficaram registrados. Com ou sem registro humano, devemos sempre fazer a vontade de Deus, sabendo que diante dEle todas as nossas obras estão escritas (Sl 139.16; Hb 4.13; Ap 20.12)
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Mais importante do que os registros humanos são os registros divinos. A Bíblia nos ensina que Deus tem um registro perfeito de todas as nossas ações. Em Salmo 139:16, lemos que Deus viu nosso embrião e que em Seu livro estão escritos todos os nossos dias, antes mesmo que qualquer um deles existisse. Hebreus 4:13 reforça que nada em toda a criação está oculto aos olhos de Deus; tudo está descoberto e exposto diante dAquele a quem devemos prestar contas. Finalmente, em Apocalipse 20:12, vemos que no dia do julgamento, os mortos serão julgados segundo o que está registrado nos livros, de acordo com suas obras.

O registro das boas ações de Mardoqueu nas crônicas reais serve como uma metáfora para a justiça divina.
Embora possamos não ver imediatamente a recompensa por nossas ações justas, podemos confiar que Deus, em Sua infinita justiça, não se esquece de nada. Galátas 6:9 nos encoraja a não nos cansarmos de fazer o bem, pois no tempo certo colheremos se não desistirmos.

Para o cristão, a consciência de que nossas ações são registradas diante de Deus deve nos motivar a viver com integridade e fidelidade, mesmo quando não somos observados pelos homens. A verdadeira recompensa não está nas honras terrenas, mas na aprovação divina. Jesus nos lembra em Mateus 6:1-4 que devemos fazer o bem em segredo, e nosso Pai, que vê o que é feito em segredo, nos recompensará.

II- HAMÃ É EXALTADO PELO REI
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1- Um novo personagem

Hamã era muito rico (Et 3.9). Já entra em cena sendo elevado por Assuero acima de todos os príncipes do reino (Et 3.1). Identificado como agagita, Flávio Josefo afirma que Hamã era amalequita, um povo historicamente inimigo de Israel (Êx 17.8-13; Nm 24.7). O termo agagita costuma ser associado a Agague, o rei amalequita mencionado em 1 Samuel 15.2,8,33. Versões bíblicas como a NVI e a NTLH apresentam Hamã diretamente como “descendente de Agague”.

A ascensão de Hamã ao poder é significativa não apenas por seu status, mas também pelas repercussões que essa promoção traria para os judeus. Assuero, ao elevar Hamã, confere-lhe uma autoridade que ele usa para promover seus próprios interesses e alimentar seu ódio contra Mardoqueu e o povo judeu.

A identificação de Hamã como agagita é mais do que uma simples referência étnica; é um lembrete da antiga inimizade entre os amalequitas e os israelitas. Essa hostilidade remonta à época do êxodo, quando os amalequitas atacaram os israelitas em Refidim (Êxodo 17:8-13). A inimizade continuou ao longo dos séculos, com o profeta Samuel executando Agague, o rei amalequita, após a desobediência do rei Saul (1 Samuel 15:2, 8, 33).

Hamã representa, portanto, mais do que um simples antagonista na história de Ester.
Ele encarna o espírito daqueles que se opõem ao povo de Deus ao longo da história. Sua riqueza e poder não são meros detalhes, mas elementos que aumentam a gravidade de sua ameaça. Hamã usa sua posição para tramar um plano genocida contra os judeus, oferecendo uma grande soma de dinheiro ao rei para garantir a execução de seu decreto (Ester 3:9).
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A história de Hamã e sua inimizade contra os judeus nos lembra das palavras de Jesus em João 15:18-19, onde Ele alerta Seus seguidores de que seriam odiados pelo mundo. Hamã é um tipo daqueles que se levantam contra o povo de Deus, mas a história de Ester nos mostra que, apesar das tramas e conspirações dos inimigos, Deus continua sendo soberano e capaz de proteger e salvar Seu povo.

2- Um herói (aparentemente) esquecido

O texto não nos informa o motivo da exaltação de Hamã. Enquanto isso, nada mudou para Mardoqueu, apesar de seu ato heroico. Tornou-se um herói (aparentemente) esquecido. É preciso ter sabedoria e prudência para viver momentos de aparente injustiça. Ser guiado pela própria vista pode nos levar a crises emocionais e espirituais, principalmente quando os fatos nos parecem desfavoráveis. Asafe quase se desviou olhando para a prosperidade dos ímpios (Sl 73.2-17). O exemplo de Mardoqueu nos apresenta um cenário que poderia ter tido o mesmo desfecho.

Mardoqueu, mesmo sem reconhecimento imediato, continuou fiel em sua posição e responsabilidades. Sua atitude reflete a sabedoria em não buscar recompensas imediatas ou reconhecimento humano, mas confiar que Deus vê e valoriza cada ato de justiça e fidelidade. Assim como José no Egito, que também enfrentou períodos de injustiça antes de ser exaltado, Mardoqueu perseverou sem se deixar abater pela aparente falta de recompensa.

Além disso, o exemplo de Mardoqueu nos ensina a importância de manter a fé mesmo quando as circunstâncias parecem adversas. O Salmo 37:7 nos exorta a descansar no Senhor e esperar pacientemente por Ele, não nos indignando com aqueles que prosperam em seus caminhos iníquos. Mardoqueu viveu essa verdade, mantendo sua integridade e confiança em Deus, mesmo quando não era reconhecido pelos homens.
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De forma semelhante, a história de Asafe no Salmo 73 serve como um alerta sobre o perigo de fixarmos nossos olhos na prosperidade dos ímpios. Ele quase se desviou por causa da inveja e do ressentimento ao ver os ímpios prosperarem enquanto os justos sofriam. No entanto, ao entrar no santuário de Deus, Asafe compreendeu o fim dos ímpios e encontrou paz. Mardoqueu, da mesma maneira, não se deixou levar pela inveja da exaltação de Hamã, mantendo sua fé e paciência, confiando que Deus, eventualmente, faria justiça.

3- Evitando frustrações

Quando nutrimos altas expectativas, nos tornamos sujeitos a muitas frustrações. Mardoqueu era servo do rei, mas não tinha acesso direto ao palácio. Para alertar Assuero da conspiração, precisou de que Ester levasse a informação (Et 2.22). Mardoqueu não pertencia ao primeiro escalão real e permaneceu exercendo a mesma função de antes, não se abalando emocionalmente. A Bíblia nos ensina a nos contentar com o que temos e não viver ambicionando coisas altas (Hb 13.5; Rm 12.16). Considerar merecer mais do que tem, gera constante insatisfação e não contribui em nada para o nosso progresso.

A vida de Mardoqueu nos oferece uma lição valiosa sobre a importância do contentamento. Ele poderia facilmente ter se sentido injustiçado ou menosprezado por não ter sido reconhecido imediatamente por seu ato heroico. No entanto, Mardoqueu permaneceu firme em sua posição, desempenhando suas funções com diligência e sem queixas. 

Essa atitude está alinhada com a instrução bíblica de contentar-se com o que se tem, sabendo que Deus está conosco e nunca nos deixará nem nos abandonará (Hebreus 13:5). Além disso, a ambição desmedida pode levar à frustração e à insatisfação constante.
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O apóstolo Paulo nos adverte em Romanos 12:16 a não sermos orgulhosos, mas a nos associarmos com os humildes e a não sermos sábios aos nossos próprios olhos. A busca incessante por mais, seja poder, status ou reconhecimento, pode desviar-nos do verdadeiro propósito de nossa vida e missão. Mardoqueu, ao não ambicionar posições elevadas, evitou cair na armadilha da frustração e manteve seu foco naquilo que realmente importava.

O contentamento é, portanto, um tema recorrente nas Escrituras. Em Filipenses 4:11-13, Paulo fala sobre ter aprendido a estar contente em qualquer situação, seja na necessidade ou na fartura. Esse contentamento é possível quando confiamos que Deus está no controle e que Ele suprirá todas as nossas necessidades conforme a Sua vontade. Mardoqueu exemplifica essa confiança ao continuar servindo fielmente sem buscar reconhecimento ou recompensa humana.

Finalmente, a comparação com os outros é uma fonte comum de frustração. Quando nos comparamos com aqueles que aparentemente têm mais sucesso, poder ou reconhecimento, podemos facilmente nos sentir desmotivados ou desvalorizados. Mardoqueu, no entanto, não se deixou levar pela comparação. Ele manteve sua fidelidade e seu foco em servir ao rei e ao seu povo, confiando que Deus estava no controle de sua vida e de sua situação.

III – A RESISTÊNCIA DE MARDOQUEU E O ÓDIO DE HAMÃ

1- Reverenciado por todos

Assuero ordenou que todos os seus servos se curvassem e se prostrassem diante de Hamã. Mardoqueu não se curvava e nem se prostrava (Et 3.2). Há distintas opiniões quanto aos motivos que o levaram a agir assim. De acordo com a Bíblia de Estudo Pentecostal, Mardoqueu recusou-se a se inclinar diante de Hamã por lealdade a Deus: 
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Tudo indica que a homenagem prestada a Hamã pelos servos do rei e por outros, ou era imerecida, ou conflitava com atos religiosos que os judeus reservavam exclusivamente à adoração a Deus. Daí, Mardoqueu não concordar em curvar-se ou prostrar-se diante de Hamã. Os três companheiros de Daniel evidenciaram a mesma convicção (Dn 3.1-12)”.

No contexto cultural e religioso da época, curvar-se diante de uma autoridade poderia parecer um ato de adoração ou reverência, o que conflitaria com a devoção exclusiva devida a Deus. Para os judeus, inclinar-se ou prostrar-se diante de alguém além de Deus poderia ser interpretado como idolatria, algo estritamente proibido pela lei mosaica (Êxodo 20:3-5). 

Portanto, podemos entender a resistência de Mardoqueu como uma expressão de sua fé e obediência aos mandamentos divinos. Além disso, a decisão de Mardoqueu de não se prostrar diante de Hamã teve implicações políticas e sociais importantes.

Essa recusa não passou despercebida e gerou uma série de consequências, incluindo a ira de Hamã, que se sentiu profundamente ofendido e humilhado pela desobediência de Mardoqueu. A atitude de Mardoqueu pode ter sido interpretada como um desafio à autoridade de Hamã e, por extensão, à autoridade do próprio rei. No entanto, Mardoqueu estava disposto a enfrentar essas consequências, colocando sua fidelidade a Deus acima de qualquer consideração humana.

A história de Mardoqueu, portanto, nos oferece lições valiosas sobre a importância de manter nossa fé e convicções, mesmo diante de pressões externas. Na vida cristã, frequentemente enfrentamos situações em que nossa lealdade a Deus é testada. Pode haver momentos em que nos sentimos pressionados a comprometer nossos princípios para agradar a outros ou evitar conflitos. Assim, a firmeza de Mardoqueu nos lembra que devemos ser fiéis a Deus em todas as circunstâncias, confiando que Ele está no controle e que nos sustentará, independentemente das consequências.
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2- A condição de judeu

O texto bíblico sugere que havia mesmo um motivo religioso para a conduta de Mardoqueu. Depois de os servos do rei lhe questionarem algumas vezes porque não cumpria a ordem de Assuero, sua única resposta foi que era judeu. A notícia chegou a Hamã, que também ressaltou a origem judia. O agagita encheu-se de furor não apenas contra Mardoqueu, seu ódio foi extensivo a todos os judeus, os quais planejou destruir por completo (Et 3.4-6). Hamã não seria o único a almejar o extermínio de todo o povo judeu.

A fúria de Hamã foi intensificada pelo fato de Mardoqueu ser judeu. Hamã, identificado como agagita, possivelmente carregava uma animosidade histórica contra os judeus, que remontava aos conflitos antigos entre os israelitas e os amalequitas. De fato, essa inimizade pode ter sido um fator adicional que alimentou seu desejo de exterminar todos os judeus no império persa. A intenção de Hamã de destruir um povo inteiro revela a profundidade de seu ódio e a gravidade de sua proposta genocida.

Além disso, Hamã não foi o único a tentar o extermínio dos judeus ao longo da história. Diversos líderes e impérios, ao longo dos séculos, buscaram eliminar o povo judeu por razões políticas, religiosas ou étnicas. Essa perseguição constante é um tema recorrente na história judaica e tem sido uma fonte de sofrimento, mas também de resistência e sobrevivência para o povo de Israel.

3- Inimizades intergeracionais

Além de se sentir ferido em seu orgulho, é possível que Hamã estivesse agindo movido por uma inimizade intergeracional – Flávio Josefo diz isso –, o que confirmaria sua descendência de Agague, o rei amalequita morto por Samuel (1 Sm 15.32,33). 
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A Bíblia relata alguns episódios de vingança entre famílias, como no caso dos filhos de Jacó que mataram os siquemitas por causa do ultraje feito a Diná, filha de Leia (Gn 34.1-31). Além da Bíblia, a história secular apresenta inúmeros exemplos desses conflitos alimentados e repetidos ao longo de muitas gerações. 

Não muito longe de nós, em solo brasileiro, são conhecidas as histórias de perpetuação de violência por disputas econômicas (geralmente por terras) ou ofensas morais. Que Deus guarde nosso coração de toda inimizade e porfia. A vingança não nos pertence. Como filhos de Deus, devemos perdoar e buscar a paz (Mt 5.9; Rm 12.18-21; Hb 12.14).

Para os cristãos, a Bíblia oferece um claro chamado à reconciliação e ao perdão. Jesus ensinou: “Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5:9). Além disso, Paulo exorta: “Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens. Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor” (Romanos 12:18-19).

Ademais, o escritor de Hebreus reforça: “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hebreus 12:14).
A história de Hamã e Mardoqueu, por sua vez, nos lembra dos perigos das inimizades intergeracionais e da vingança. 
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De fato, a perpetuação do ódio pode levar a tragédias de larga escala, como quase ocorreu com o povo judeu. No entanto, como seguidores de Cristo, somos chamados a romper esses ciclos de violência e rancor. Assim, devemos buscar o perdão, a reconciliação e a paz. Que Deus guarde nosso coração de toda inimizade e porfia. A vingança não nos pertence. Como filhos de Deus, devemos perdoar e buscar a paz!

CONCLUSÃO

Uma das aplicações práticas da inteligência espiritual é não nos deixar iludir com a natureza humana (Cl 1.9; Jr 17.5). Embora não devamos viver desconfiando de tudo e de todos, também não podemos deixar de ser prudentes e ignorar a malignidade do coração humano (Mt 10.16; 15.19). 

O Maligno pode suscitar ódio contra nós de onde menos esperamos. Mardoqueu experimentou isso. Precisamos estar atentos e revestidos de toda a armadura de Deus para que possamos resistir e vencer o mal. Nossa luta não é contra carne e sangue (Ef 6.11-16; Rm 13.12).


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As informações são do CPAD.

Edição Geral: CN.

Publicação
CN - Conexão Notícia - www.cnoticia.com.br.

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Vídeo: Lição 07 – A Deposição da Rainha Vasti e a Ascensão de Ester.
       Capa da lição 07.  —  Foto/Reprodução/divulgação.
 
Publicado no Conexão Notícia em 14.agosto.2024. Atualizado em 15.agosto.2024.     

Grupo no WhatsApp Esta lição apresenta o contraste entre duas mulheres, Vasti e Ester. Vasti, a rainha que foi deposta por se recusar a obedecer ao rei. Ester, a judia que se tornou rainha e teve como marca obedecer às orientações de seu primo Mardoqueu.
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TEXTO ÁUREO

“Antes, dá maior graça. Portanto diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.” (Tg 4.6)

VERDADE PRÁTICA

Devemos nos conservar humildes, confiando na justiça de Deus, pois Ele governa a todos, abatendo ou exaltando.

LEITURA DIARIA

Segunda – Et 1.5-8 Assuero faz um convite de um banquete público ao povo da fortaleza de Susã
 
Terça – Et 1.9 A rainha Vasti também oferece um banquete, porém, restrito às mulheres
 
Quarta – Et l.10 -12 A rainha Vasti resiste a ordem do rei
 
Quinta – Et 1.13-15, 20-22 O rei se aconselha com sábios e destitui a rainha
 
Sexta – Et 2.1-4 O rei Assuero decide escolher uma nova rainha
 
Sábado – Et 2.16, 17 A rainha escolhida foi a judia Ester
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Hinos Sugeridos da Harpa Cristã

457 O FESTIM DE GLÓRIA
491 HÁ PODER NO SANGUE DE JESUS
525 VENCENDO VEM JESUS
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Ester 1.10-12,16,17,19; 2.12-17

Ester 1

10 – E, ao sétimo dia, estando já o coração do rei alegre do vinho, mandou a Meumã, Bizta, Harbona, Bigtá, Abagta, Zetar e a Carcas, os sete eunucos que serviam na presença do rei Assuero,

11 – que introduzissem na presença do rei a rainha Vasti, com a coroa real, para mostrar aos povos e aos príncipes a sua formosura, porque era formosa à vista.

12 – Porém a rainha Vasti recusou vir conforme a palavra do rei, pela mão dos eunucos; pelo que o rei muito se enfureceu, e ardeu nele a sua ira.

16 – Então, disse Memucã na presença do rei e dos príncipes: Não somente pecou contra o rei a rainha Vasti, mas também contra todos os príncipes e contra todos os povos que há em todas as províncias do rei Assuero.

17 – Porque a notícia deste feito da rainha sairá a todas as mulheres, de modo que desprezarão a seus maridos aos seus olhos, quando se disser: Mandou o rei Assuero que introduzissem à sua presença a rainha Vasti, porém ela não veio.
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19 – Se bem parecer ao rei, saia da sua parte um edito real, e escreva-se nas leis dos persas e dos medos, e não se revogue que Vasti não entre mais na presença do rei Assuero, e o rei dê o reino dela à sua companheira que seja melhor do que ela.

Ester 2

12 – E, chegando já a vez de cada moça, para vir ao rei Assuero, depois que fora feito a cada uma segundo a lei das mulheres, por doze meses (porque assim se cumpriam os dias das suas purificações, seis meses com óleo de mirra e seis meses com especiarias e com as coisas para a purificação das mulheres),

13 – desta maneira, pois, entrava a moça ao rei; tudo quanto ela desejava se lhe dava, para ir da casa das mulheres à casa do rei;

14 – à tarde, entrava e, pela manhã, tornava à segunda casa das mulheres, debaixo da mão de Saasgaz, eunuco do rei, guarda das concubinas; não tornava mais ao rei, salvo se o rei a desejasse e fosse chamada por nome.

15  Chegando, pois, a vez de Ester, filha de Abiail, tio de Mardoqueu (que a tomara por sua filha), para ir ao rei, coisa nenhuma pediu, senão o que disse Hegai, eunuco do rei, guarda das mulheres; e alcançava Ester graça aos olhos de todos quantos a viam.

16 – Assim, foi levada Ester ao rei Assuero, à casa real, no décimo mês, que é o mês de tebete, no sétimo ano do seu reinado.

17 – E o rei amou a Ester mais do que a todas as mulheres, e ela alcançou perante ele graça e benevolência mais do que todas as virgens; e pôs a coroa real na sua cabeça e a fez rainha em lugar de Vasti.
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PLANO DE AULA

1- INTRODUÇÃO

Esta lição apresenta o contraste entre duas mulheres, Vasti e Ester. Vasti, a rainha que foi deposta por se recusar a obedecer ao rei. Ester, a judia que se tornou rainha e teve como marca obedecer às orientações de seu primo Mardoqueu. Para aprofundar nesses contrastes estudaremos o banquete de Assuero e recusa de Vasti; a deposição de Vasti; a ascensão da jovem judia Ester. Nesta lição, também perceberemos a atributo incomunicável de Deus denominado de presciência. Ele conhece de antemão todas as ações humanas.

2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO

A) Objetivos da Lição:

I) Explicar o banquete de Assuero e a recusa da rainha Vasti;
II) Refletir a respeito da resistência e da deposição da rainha Vasti;
III) Mostrar a ascensão de Ester ao posto de rainha.

B) Motivação: Obediência é um atributo bíblico muito importante para desenvolver a humildade cristã. O contrário da obediência é a desobediência que pode levar ao orgulho e a arrogância. Estas trazem consequências inevitáveis. A Palavra de Deus nos mostra que obedecer é melhor que o sacrificar (1 Sm 15.22).

C) Sugestão de Método: Para concluir a lição, estabeleça um contraste a respeito dos comportamentos de Vasti e Ester:

a) Vasti: recusa-se a ir festa do rei;

b) Ester: a jovem judia que obedeceu aos conselhos de seu primo, Mardoqueu.

Em seguida, mostre que tal comportamento obediente de Ester resultou na sua elevação de rainha. Esse posto, mais tarde, se mostrará crucial para o livramento que o Senhor nosso Deus fará em favor de seu povo. Neste livro, embora não esteja grafada, percebemos a providência divina atuando do início ao fim.
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3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO

A) Aplicação: Há um tempo oportuno que Deus faz chegar para que sejamos instrumentos usados em suas mãos. Assim como Deus fez na vida de Ester, que aguardou o tempo oportuno para chegar ao posto de rainha, Ele requer que confiemos em seu favor para que o tempo oportuno também chegue em nossa vida para fazer a sua vontade.

4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR

A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 98, p.39, você encontrará um subsídio especial para esta lição.

B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula:

1) O texto “A recusa da rainha Vasti”, localizado após o primeiro tópico, explica o contexto histórico-cultural do episódio;

2) O texto “Ester”, ao final do terceiro tópico, destaca um resumo biográfico da personagem.

INTRODUÇÃO

Deus estabeleceu princípios imutáveis, pelos quais governa a todos os povos, independente de cultura, época ou lugar. Nesta lição, veremos o claro contraste entre as condutas de Vasti e de Ester, a obediente moça judia que ascendeu ao trono de rainha de um dos maiores impérios de todos os tempos, o Império Persa.
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PALAVRA-CHAVE: Obediência

I- O BANQUETE DE ASSUERO E A RECUSA DE VASTI

1- O rei Assuero 

Filho de Dario. Assuero governou o Império Persa por 20 anos (486-465 a.C.), reinando “desde a Índia até à Etiópia, sobre cento e vinte e sete províncias” (Et 1.1). Seu nome grego é Xerxes. No terceiro ano de seu reinado, Assuero convidou a nobreza imperial e os senhores de todas as províncias para mostrar-lhes a grandiosidade do reino e as suas riquezas. A recepção durou 180 dias. 

Acredita-se que foi nessa ocasião que Assuero tratou, com seus generais e conselheiros, da expedição militar que faria contra a Grécia, batalha que se transformou em um grande fracasso, conforme narra, em detalhes, o historiador grego Heródoto (484-425 a.C.).

2- Um banquete público, outro exclusivo 

Passados os 180 dias, Assuero ofereceu um banquete para todo o povo de Susã, no pátio do jardim de seu palácio. Havia muito luxo e ostentação, além de bebida à vontade, em uma festa programada para durar sete dias (Et 1.5-8). Assuero tinha como mulher a rainha Vasti, que alguns estudiosos acreditam ser a mesma Améstris, citada por Heródoto em seu livro História. Ela também ofereceu um banquete, porém restrito às mulheres do palácio (Et 1.9).

3- O convite à rainha 

No sétimo dia de seu banquete, depois de ter bebido bastante, Assuero estava em euforia: “o coração do rei [estava] alegre do vinho” (Et 1.10). Foi quando ordenou que lhe trouxessem a rainha Vasti, “com a coroa real, para mostrar aos povos e aos príncipes a sua formosura, porque era formosa à vista” (Et 1.11). A rainha simplesmente recusou acompanhar os sete eunucos que o rei enviou para conduzi-la à sua presença (Et 1.12).
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SINÓPSE I

O rei ordena a rainha Vasti para o acompanhar a fim de que sua formosura fosse mostrada aos convivas. A rainha não aceita.

AUXÍLIO VIDA CRISTÃ

A RECUSA DA RAINHA VASTI

A rainha Vasti se recusou a desfilar diante dos amigos do rei, possivelmente por ser contra o costume persa uma mulher apresentar-se diante de uma reunião pública de homens. Este conflito entre o costume persa e a ordem do rei colocou-a em uma difícil situação, e ela escolheu não obedecer à ordem de seu marido embriagado, na esperança de que ele, mais tarde, recobrasse o juízo. Alguns sugerem que Vasti estava grávida de Artaxerxes, que nasceu em 483 a.C., e não queria ser vista em público naquele estado. 

Qualquer que tenha sido o motivo, sua atitude foi uma quebra de protocolo que também colocou Assuero em situação difícil. Se uma ordem era expedida por um rei persa, ele nunca poderia revertê-la (leia nota sobre 1.19). Enquanto se preparava para invadir a Grécia, Assuero havia convidado muitos importantes oficiais de todo o império para ver o seu poder, riqueza e autoridade. 

Caso sua autoridade sobre a própria esposa fosse colocada em dúvida, sua credibilidade militar — o maior critério de sucesso para um rei da antiguidade — seria prejudicada. Além disso, o rei Assuero estava acostumado a ter o que queria” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 687).
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II- VASTI RESISTE À ORDEM DO REI E É DEPOSTA

1- A recusa da rainha 

São diversas as opiniões a respeito das condutas do rei e da rainha nesse episódio. Fontes extrabíblicas tentam justificar a desobediência de Vasti, com versões que pintam como absurda a pretensão do rei em apresentá-la em seu banquete. O uso de fontes não bíblicas é saudável quando servem para aclarar o sentido do texto escriturístico. 

Contudo, podem levar à prática da eisegese quando dão à Escritura um sentido alheio ao que foi revelado. A narrativa bíblica é: uma festa pública acontecia e a rainha recusou atender ao rei. O texto para por aí. Fica difícil sustentar algum recato da rainha, principalmente se ela for, como alguns imaginam, a mesma Améstris citada por Heródoto, uma mulher astuta e sanguinária.

2- A aplicação da lei 

Assuero estava, de fato, sob influência do vinho quando ordenou a vinda de Vasti, mas sua decisão de depô-la do cargo não se deu de forma intempestiva ou autoritária. Apesar da fúria, o rei suportou o constrangimento público de receber de volta os eunucos, sem a rainha. Em seguida, submeteu o caso ao exame dos sábios de seu reino, entendidos nas leis e no direito dos medos e persas (Et 1.13,14). 

A pergunta do rei demonstrava prudência: “o que, segundo a lei, se devia fazer da rainha Vasti, por não haver cumprido [o seu mandado]”? (Et 1.15). Assuero estava em uma difícil situação. Como poderia exercer o governo do império se não tinha autoridade sobre sua própria esposa?
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3- A sentença de Vasti 

Examinado o caso, Memucã, um dos sábios, aconselhou ao rei que depusesse Vasti. Liderança pressupõe muita responsabilidade. Pela grande repercussão, a conduta da rainha seria um péssimo exemplo para todas as mulheres do reino: “Porque a notícia deste feito da rainha sairá a todas as mulheres, de modo que desprezarão a seus maridos aos seus olhos” (Et 1.17). Isso provocaria desrespeito e discórdia nos lares (Et 1.18). 

O conselho de Memucã agradou a Assuero e seus nobres, e ele decretou a deposição de Vasti. Além disso, enviou cartas a todas as províncias, estabelecendo “que cada homem fosse senhor em sua casa” (Et 1.22). Uma das qualificações exigidas do líder cristão é exatamente esta: exercer o governo da própria casa. O princípio bíblico é: o homem que não lidera em casa não é apto para cuidar da Igreja de Deus (1 Tm 3.4,5).

SINÓPSE II

A recusa de Vasti a leva a perder o posto de rainha no reino de Assuero.

III- ESTER: A JUDIA SE TORNA RAINHA EM TERRA ESTRANHA

1- Quatro anos depois 

Há certo consenso entre os estudiosos de que a escolha da substituta de Vasti ocorreu após a frustrada campanha militar que Assuero lançou contra os gregos. A destruição quase total das forças navais persas na Batalha de Salamina, ano 480 a.C., forçou seu retorno para Susã. Passada a ira, o rei se lembrou de Vasti, do que ela havia feito e do que ele havia decretado (Et 2.1). Assim, no 479 a.C., aconselhado por seus servos mais próximos, Assuero decide escolher a nova rainha (Et 2.2).

2- O universo da escolha 

Apesar de governar um império originário de longas sucessões entre famílias da Média e da Pérsia, Assuero decidiu escolher a nova rainha dentre moças de todas as províncias do reino. Não havia restrição quanto à origem étnica ou racial. A única exigência é que fossem virgens e formosas (Et 2.2-4). Quando Deus dirige o processo, nenhum detalhe fica esquecido. Ele cuida de tudo. 
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O concurso foi divulgado e muitas moças levadas à Susã. Mardoqueu morava próximo ao palácio e, com ele, a prima Ester, criada como filha. Levada à casa do rei, Ester ficou sob os cuidados de Hegai, guarda das mulheres, de quem logo conquistou a simpatia (Et 2.7-9). Havia uma graça especial em Ester. 

Além de se apressar em dar-lhe os seus enfeites e alimentos, e sete moças para lhe assistirem, Hegai “a fez passar ao melhor lugar da casa das mulheres” (Et 2.9). Embora o texto não diga, não há outra explicação: o Deus que estava com José, estava também com Ester (Gn 39.2,21,23).

3- A obediência de Ester

Mardoqueu ordenou a Ester que não declarasse qual era o seu povo e sua parentela. Qual a razão dessa ordem? Não sabemos ao certo, já que não havia restrição étnica no processo de escolha da nova rainha. Mesmo sem entender o motivo da proibição, Ester obedeceu, à risca, a ordem de Mardoqueu (Et 2.10). Ela não exigia explicação para obedecer. 

Mardoqueu demonstrava profunda preocupação com o bem-estar de Ester, passando diariamente diante do pátio da casa das mulheres para saber como ela estava (2.11). Havia respeito e cuidado mútuo entre eles. Cumpridos os 12 meses de preparação, chegou a vez de Ester ser levada à presença de Assuero: “E o rei amou a Ester mais do que a todas as mulheres, e ela alcançou perante ele graça e benevolência mais do que todas as virgens; e pôs a coroa real na sua cabeça e a fez rainha em lugar de Vasti” (Et 2.17).
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SINOPSE III

A jovem judia Ester é elevada ao posto de rainha numa terra estranha.

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO

ESTER

Uma exilada judia que viveu na Pérsia durante o reinado de Assuero (Xerxes, 486-465 a.C.). O nome Ester vinha do persa stara, “estrela”, ou de Ishtar, uma deusa babilônia. Seu nome heb. era Hadassa, que significa “murta”. Ester era órfã e foi criada por seu primo Mardoqueu. Sua beleza foi o motivo de ter sido contada entre as virgens trazidas a Assuero para a seleção de uma rainha para reinar no lugar de Vasti. 

Foi escolhida, tornou-se rainha, e viveu no palácio em Susã (q.v.). Ester também é notada por sua bravura e lealdade ao seu povo. Arriscando a própria vida, ao revelar, pela primeira vez, que era judia, fez uma súplica ao rei para assinar um novo decreto, desfazendo o decreto de Hamã contra os judeus” (Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.696).

CONCLUSÃO

Ester havia chegado ao posto em que, no tempo oportuno, seria um instrumento para cumprir os propósitos divinos. Um dos atributos incomunicáveis de Deus é a sua presciência. Somente Ele conhece, de antemão, todos os acontecimentos futuros (Is 46.9,10). Podemos confiar nossa vida inteiramente à sua direção, pois Ele sabe o que é melhor para nós (Jr 29.11).
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REVISANDO O CONTEÚDO

1- Qual a diferença entre o banquete de Assuero e o de Vasti?

Assuero ofereceu um banquete para todo o povo de Susã, no pátio do jardim de seu palácio. Vasti também ofereceu um banquete, porém, restrito para as mulheres do palácio (Et 1.9).

2- Qual o procedimento adotado por Assuero para decidir o futuro da rainha?

Ele submeteu o caso ao exame dos sábios de seu reino, entendidos nas leis e no direito dos medos e persas (Et 1.13,14).

3- Que resolução foi acompanhada do seu decreto de deposição de Vasti?

Ele decretou a deposição de Vasti. Além disso, enviou cartas a todas as províncias, estabelecendo “que cada homem fosse senhor em sua casa” (Et 1.22).

4- Quais os critérios para a escolha da nova rainha?

Não havia restrição quanto à origem étnica ou racial. A única exigência é que fossem virgens e formosas (Et 2.2-4).

5- O que se destaca na obediência de Ester?

Mardoqueu ordenou a Ester que não declarasse seu povo e sua parentela. Qual a razão dessa ordem? Não sabemos ao certo, já que não havia restrição étnica no processo de escolha da nova rainha. Mesmo sem entender o motivo da proibição, Ester obedeceu à risca a ordem de Mardoqueu (Et 2.10). Ela não exigia explicação para obedecer.
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Saiba mais, no vídeo abaixo: 


As informações são de EiSiCiOiLiA  EiBiD.

Edição Geral: CN.

Publicação
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Vídeo: Vídeo: EBD Adultos Lição 06 - O livro de Ester.
       Capa da lição 06.  —  Foto/Reprodução/divulgação.
 
Publicado no Conexão Notícia em 06.agosto.2024.      

Grupo no WhatsApp A partir desta lição, estudaremos o Livro de Ester.
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TEXTO ÁUREO

“Porque, se de todo te calares neste tempo, socorro e livramento doutra parte virá para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe para tal tempo como este chegaste a este reino?” (Et 4.14)
 
VERDADE PRÁTICA

A perfeita vontade de Deus é nos guiar por caminhos que levem ao cumprimento de seus eternos propósitos.

LEITURA DIARIA

Segunda – 2Tm 3.16,17 O Livro de Ester é a revelação divina escrita, completa e perfeita
 
Terça – Jr 25.11; 29.10-14 O contexto do Livro de Ester remonta ao Cativeiro Babilônico
 
Quarta – Ed 1.1-3 O contexto do Livro de Ester remonta ao decreto de Ciro
 
Quinta – 1Tm 2.1-4 Instruções para os cristãos se relacionarem com governos terrenos
 
Sexta – Et 3.7-13 Tudo parecia bem até que surgiu uma ordem contra os judeus
 
Sábado – Et 9.20-28 A instituição da Festa de Purim, o livramento dos judeus
 
HINOS SUGERIDOS DA HARPA CRISTÃ

467 - Sobre as ondas do mar
526 - Grandioso és Tu
77 - Guarda o contacto
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LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Ester 1.1-9

1 – E sucedeu, nos dias de Assuero (este é aquele Assuero que reinou, desde a Índia até à Etiópia, sobre cento e vinte e sete províncias);

2 – naqueles dias, assentando-se o rei Assuero sobre o trono do seu reino, que está na fortaleza de Susã,

3 – no terceiro ano de seu reinado, fez um convite a todos os seus príncipes e seus servos (o poder da Pérsia e Média e os maiores senhores das províncias estavam perante ele),

4 – para mostrar as riquezas da glória do seu reino e o esplendor da sua excelente grandeza, por muitos dias, a saber, cento e oitenta dias.

5 – E, acabados aqueles dias, fez o rei um convite a todo o povo que se achou na fortaleza de Susã, desde o maior até ao menor, por sete dias, no pátio do jardim do palácio real.

6 – As tapeçarias eram de pano branco, verde e azul celeste, pendentes de cordões de linho fino e púrpura, e argolas de prata, e colunas de mármore; os leitos eram de ouro e de prata, sobre um pavimento de pórfiro, e de mármore, e de alabastro, e de pedras preciosas.

7 – E dava-se de beber em vasos de ouro, e os vasos eram diferentes uns dos outros; e havia muito vinho real, segundo o estado do rei.

8 – E o beber era, por lei, feito sem que ninguém forçasse a outro; porque assim o tinha ordenado o rei expressamente a todos os grandes da sua casa que fizessem conforme a vontade de cada um.

9 – Também a rainha Vasti fez um banquete para as mulheres da casa real do rei Assuero.
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PLANO DE AULA

1- INTRODUÇÃO

A partir desta lição, estudaremos o Livro de Ester. Veremos como o livro está organizado, a categoria a que pertence, características literárias, autoria e data. Procuraremos também situar o contexto histórico em que o livro foi produzido. 

Veremos que o exílio de Israel é uma informação essencial para remontar o contexto histórico do Livro de Ester. Finalmente, perceberemos que a providência divina apresentada no livro é um assunto que formula o propósito de Ester. Trata-se de uma providência divina não mencionada, porém, constatada ao longo do livro sagrado.

2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO

A) Objetivos da Lição:

Apresentar a organização do Livro de Ester;
II Explorar o contexto histórico do Livro de Ester;
III Expor o propósito e a mensagem do Livro de Ester.

B) Motivação:

Deus sempre esteve no controle da história. O Livro de Ester apresenta o fato de que, a despeito de experimentarmos períodos de ameaças e sofrimento, ele provê o livramento na história. A dor e o sofrimento, por mais difícil de explicar que seja, não anulam a ação da providência divina.
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C) Sugestão de Método:

A partir desta lição, estudaremos o Livro de Ester. Nesse sentido, sugerimos que, ao introduzi-la, você apresente o esboço do livro:

I  Deus levanta uma nova rainha na hora certa (1.1-2.18);
II Deus usa o primo da rainha para denunciar um trama (2.19-4.17);
III Deus usa a corajosa rainha para resgatar o seu povo (5.1-9.32);
IV Deus promove Mardoqueu por sua fidelidade (10.1-3).

Para ter acesso ao esboço mais detalhado, você pode consultar a Bíblia de Estudo Pentecostal edição global na página 832. Esse esboço dará à classe a oportunidade de ver o panorama de todo o Livro de Ester, o que é indispensável para o processo de ensino-aprendizagem de um livro bíblico.

3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO

A) Aplicação: O Livro de Ester nos lembra da ação providencial de Deus. Ele nos revela que há um Deus que por meio de sua divina providência dirige a história. Nada que aconteça neste mundo anula a divina providência.

4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR

A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 98, p.39, você encontrará um subsídio especial para esta lição.

B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula:

1) O texto “Nome e Panorama Geral”, localizado depois do primeiro tópico, apresenta os marcos cronológicos da história de Ester;

2) O texto “A Instituição da Festa de Purim”, ao final do terceiro tópico, explica os detalhes desta importante celebração.
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INTRODUÇÃO

Concluímos o estudo de Rute

Nesta lição iniciamos o estudo do livro de Ester. Rute é cheio de referências expressas ao nome de Deus. Ester, por sua vez, tem como característica singular, e sempre destacada, a completa ausência do nome de Deus. Nem por isso o agir divino deixa de estar patente no livro. Ester não contém alusões diretas ao Deus da providência, mas nos apresenta uma história cujo roteiro é, por inteiro, uma manifestação da providência de Deus.

PALAVRA-CHAVE: ESTER

I – A ORGANIZAÇÃO DO LIVRO

1- A categorização de Ester

Da mesma forma que Rute, Ester pertence aos Escritos, os onze livros que compõem a terceira seção da Bíblia Hebraica. E nesta seção – também ao lado de Rute –, integra os Megillot, os cinco livros curtos lidos anualmente nas festas judaicas. As categorizações de Rute e Ester também são semelhantes na Bíblia Cristã, na qual figuram entre os livros históricos. Por sua reconhecida canonicidade, Ester compõe o conjunto da revelação divina escrita, completa e perfeita (2 Tm 3.16,17).

2- Características literárias

O Livro de Ester tem 10 capítulos. Dentre suas características literárias destaca-se sua objetiva historicidade, vista na expressa referência ao rei persa Assuero (Et 1.1) e em vários outros detalhes factuais, além de seu caráter de fonte primária para a Festa de Purim, anualmente celebrada pelos judeus (Et 9.20-32). O estilo narrativo é menos dialógico que o de Rute. O texto é mais do narrador que dos personagens.
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3- Autoria e data

O autor de Ester é desconhecido. Muitos estudiosos consideram que o livro foi escrito por um judeu que viveu na Pérsia, pelo fato de o autor demonstrar amplo conhecimento da cidade de Susã e de sua estrutura, e de importantes documentos do Império Persa. Considerando essa possível autoria e algumas evidências internas, acredita-se que o livro seja datado ainda do século V a.C. (por volta de 460 a.C.), logo após a morte de Assuero, ocorrida em 465 a.C. 

Outro fator levado em conta para essa datação é de ordem linguística: o autor empregou algumas palavras persas em meio ao hebraico, mas não fez uso algum de expressões originárias do grego, o que revela um estilo anterior à ascensão da Grécia sobre a Pérsia, que se deu com Alexandre, o grande, em 330 a.C.

SINÓPSE I

O Livro de Ester tem 10 capítulos e está classificado na categoria de livros históricos da Bíblia Cristã.

AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO

NOME E PANORAMA GERAL

O livro de Ester leva o nome de sua personagem principal, uma judia chamada Hadassa (‘murta’), mas que foi renomeada Ester (‘uma estrela’). Um nome provavelmente escolhido como um reconhecimento de sua beleza, após tornar-se rainha. A história pertence cronologicamente ao período entre o retorno de Zorobabel e Esdras, ou seja, entre o sexto e o sétimo capítulo de Esdras. Os estudiosos chegaram à conclusão de que o rei Assuero a que se refere, é identificado como Xerxes. Assuero ou Akhashverosh equivale no hebraico ao persa Khshayarsha, e é denominado Xerxes em grego.
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O escritor foi meticuloso ao datar seus acontecimentos

O banquete de casamento em que Ester tomou posse como rainha, ocorreu no sétimo ano do reinado de Assuero (479 a.C.), quatro anos depois da celebração que resultou no divórcio de Vasti. “Acreditava-se que entre estes acontecimentos, Assuero (Xerxes) tenha feito sua mal sucedida expedição à Grécia. 

Assim, ele retornou da sua derrota vergonhosa em Salamina (480 a.C.) e encontrou consolo nos braços de Ester”. Os acontecimentos indicados no livro variam do terceiro ao décimo segundo ano do reinado de Xerxes, ou de 483 a 474 a.C.” (Comentário Bíblico Beacon. Vol. II. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 543).

 II – O CONTEXTO HISTÓRICO

1- O povo hebreu no exílio

Para uma melhor compreensão do contexto histórico do Livro de Ester é importante mencionar o final do período da monarquia do povo hebreu. Em 722 a.C. houve a queda do Reino do Norte sob os assírios (2 Rs 17.6). Pouco mais de 100 anos depois, Judá, o Reino do Sul, foi levado para o Cativeiro Babilônico em três levas: 605, 597 e 586 a.C. Conforme Jeremias havia profetizado, o exílio na Babilônia duraria 70 anos (Jr 25.11; 29.10-14). 

Foi um período em que Deus tratou com Judá, principalmente para extirpar a idolatria que havia contaminado a nação (Ez 36.16-25). Deus abomina todo o pensamento, sentimento e comportamento idolátricos (Rm 1.18-25). Por isso, nada em nossa vida pode ocupar o lugar que pertence a Ele (1 Jo 2.15-17). “A soberania de Deus não encontra limites. Ele age em qualquer época ou lugar para cumprir seus propósitos.”

2- O fim do exílio

Ao mesmo tempo em que julgava Judá por sua idolatria, o Deus Eterno, Juiz de toda a terra, exercia seu justo juízo sobre a Babilônia, por sua iniquidade (Jr 25.12). Antes, já havia julgado a Assíria, como profetizado por Naum: Deus não tem o culpado por inocente (Na 1.2,3). Em 539 a.C. 
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Ciro venceu os babilônios e anexou seu território ao Império Persa. Logo no primeiro ano de reinado, “despertou o Senhor o espírito de Ciro, rei da Pérsia” e o fez decretar o retorno do povo judeu para Jerusalém (Ed 1.1-3). Daniel havia se humilhado diante de Deus, jejuando e orando fervorosamente para a restauração de Jerusalém, confessando os pecados da nação de Israel (Dn 9.1-19). 

O ensino bíblico a respeito de nosso relacionamento com as estruturas de poder terreno é sempre confiar na soberania divina, buscando, com humildade, a intervenção de Deus em nosso favor (2 Cr 7.14). Agindo assim, poderemos ter “uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade”, e contribuir para o cumprimento do maior propósito de Deus, que é a salvação de todos os homens, inclusive dos que não governam segundo os valores divinos (1 Tm 2.1-4).

3- O pós-exílio

Ester registra fatos ocorridos na capital do Império Persa, Susã, entre o primeiro e o segundo retorno dos judeus para Jerusalém. Estima-se que mais de 1 milhão de judeus viviam na região da Babilônia. Mesmo com o decreto de Ciro, que permitia a volta para Jerusalém, a maioria absoluta dos judeus decidiu pelo que lhes parecia mais cômodo: permanecer nas cidades que ocupavam na Babilônia. 

Somente cerca de 50 mil voltaram para Jerusalém no primeiro grupo, liderados por Zorobabel (Ed 1.5; 2.64,65), no segundo ano do reinado de Ciro (538 a.C.). Esse período da história é narrado do capítulo 1 ao capítulo 6 do livro de Esdras. Entre o capítulo 6 e o capítulo 7 há um intervalo de aproximadamente 60 anos. É na segunda metade desse período que se passam os fatos do livro de Ester (483-473 a.C.).

SINÓPSE II

Os fatos registrados no Livro de Ester se passam na capital do Império Persa, Susã, entre o primeiro e o segundo retorno dos judeus para Jerusalém.
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 III – PROPÓSITO E MENSAGEM

1- A providência divina 

O principal propósito do livro de Ester é registrar o cuidado providencial de Deus com o seu povo, a despeito de suas escolhas fora de seu propósito. Ao decidirem permanecer na Babilônia, sob os domínios do Império Persa, os judeus olharam para a estabilidade que imaginavam ter conquistado, não apenas no aspecto econômico, mas também cultural, social e religioso. 

Os persas tinham fama de benevolência com os povos que dominavam, principalmente quanto à liberdade religiosa. O retorno a Jerusalém exigia renúncia e disposição para uma viagem penosa e para a dura reconstrução de uma cidade totalmente destruída. Para muitos, pareceu melhor ficar na Babilônia: “Há caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte” (Pv 14.12).

2- Uma falsa estabilidade

Ester nos transmite como mensagem o perigo de confiar nas falsas estabilidades que as estruturas do mundo nos oferecem, e costumam parecer mais vantajosas. Estava tudo indo muito bem em Susã, até surgir a ordem de extermínio total dos judeus (Et 3.7-13). A falsa segurança foi embora. O povo de Judá dependia novamente da intervenção divina para sua sobrevivência. 

Ester nos mostra Deus agindo mais uma vez, movendo as estruturas humanas; agora, no grande e poderoso Império Persa. Seja qual for a circunstância, é melhor confiar no Senhor do que no homem (Sl 118.8,9).

3- A Festa de Purim

O livro de Ester tem como propósito, também, registrar a instituição da Festa de Purim, ordenada por Mardoqueu depois do grande livramento que os judeus receberam (Et 9.20-28). Purim é o plural da palavra pur (“lançar sorte”). Conforme Ester 3.7, Hamã lançou sorte para fixar o dia da morte dos judeus. A festa comemora a frustração desse nefasto plano diante da providencial ação divina para a libertação de seu povo. A soberania de Deus não encontra limites. Ele age em qualquer época ou lugar para cumprir seus propósitos.
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SINOPSE III

O propósito do livro é registrar a providência de Deus com seu povo; sua mensagem é a respeito do perigo de se confiar nas falsas estabilidades.

AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO

A INSTITUIÇÃO DA FESTA DE PURIM

Um dia de banquetes e alegria inaugurou a celebração de Purim (9.17,26). ‘Dia de banquetes e de alegria’ é uma hendíadis, uma figura de linguagem que expressa uma ideia por meio de duas palavras independentes — cada uma delas amplificando a outra de modo que no final a ideia é maior que as duas palavras isoladas —, em vez de uma palavra com um modificador (cp. 9.17-19,24,28). 

O livro tem muitos aspectos poéticos, incluindo aliteração, paralelismo, hipérbole, ironia e também construções quiasmáticas. O nome da festa (Purim ou Festa das Sortes), uma das duas festas não estabelecidas no Pentateuco (cp. Êx 34.18-27; Lv 23.1-44; 25.1-17), mas consideradas pelos judeus tão obrigatórias quanto as celebrações, salienta a importância do lançar sortes como um indício do cuidado providencial do povo de Deus e do controle de seus inimigos (Et 9.24-26). 

Foram designados dois dias para as celebrações: os judeus em Susã tiveram dois dias para matar seus inimigos (v. 18) e descansaram no dia 15 de adar (final de fevereiro ou início de março) e, por conseguinte, a celebração deles foi designada para esse dia. 

Os judeus nas províncias remotas tiveram apenas o dia 13 de adar para responder a seus inimigos, e eles celebraram no dia 14 de adar (9.19). O dia 13 de adar também é celebrado por alguns judeus como a Festa de Ester, por causa da menção de comemorar as práticas do jejum e do seu clamor (v. 31)” (Patterson, D. K, KELLEY, R. H. Comentário Bíblico da Mulher – Antigo Testamento. Vol. I. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, pp. 897-98).
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CONCLUSÃO

O Livro de Ester nos lembra de que vivemos neste mundo, mas não devemos confiar em suas estruturas. Todos os reinos deste mundo passarão (Dn 2.37-45). Por isso, a Palavra de Deus diz que “a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3.20).

REVISANDO O CONTEÚDO

1- Qual a característica mais destacada do Livro de Ester?

Ester, por sua vez, tem como característica singular, e sempre destacada, a completa ausência do nome de Deus.

2- Quais as evidências da historicidade do Livro de Ester?

Muitos estudiosos consideram que o livro foi escrito por um judeu que viveu na Pérsia, pelo fato de o autor demonstrar amplo conhecimento da cidade de Susã e de sua estrutura, e de importantes documentos do Império Persa.

3- Qual o contexto histórico de Ester em relação ao período pós-exílico?

Ester registra fatos ocorridos na capital do Império Persa, Susã, entre o primeiro e o segundo retorno dos judeus para Jerusalém.

4- Qual o principal propósito do livro de Ester?

O principal propósito do livro de Ester é registrar o cuidado providencial de Deus com o seu povo, a despeito de suas escolhas fora de seu propósito.

5- Que mensagem principal podemos extrair de Ester?

Ester nos transmite como mensagem o perigo de confiar nas falsas estabilidades que as estruturas do mundo nos oferecem, e costumam parecer mais vantajosas. 
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