Café importado, roupas bordadas e injeção de testosterona: as regalias de Cabral na prisão
Grupo no WhatsApp | Na cela do ex-governador ainda foram encontrados R$ 4 mil em dinheiro, celulares e maconha; MP vai apurar irregularidades apontadas pela Vara de Execuções Penais.
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Rio de Janeiro
Mesmo preso há mais de cinco anos, Sérgio Cabral ainda mantinha, pelo menos até a última semana, uma vida cheia de regalias. Em sua cela, no Batalhão Especial Prisional da Polícia Militar (BEP), em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, os fiscais da Vara de Execuções Penais encontraram os mais variados tipos de irregualaridades.
Do fundo falso na gaveta e na cama ao café importado, embalado a vácuo acompanhado de biscoitos finos. Foram localizados ainda R$ 4 mil em dinheiro vivo e um enxoval completo com fronhas e toalhas, bordadas com as iniciais do ex-governador e o nome dele.
Sem usar uniforme, Cabral se vestia com roupas de grife, que foram recolhidas e levadas para uma área lacrada pela justiça dentro do BEP. De tantos itens irregulares, os policiais não conseguiram apreender tudo.
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Na geladeira dividida pelo ex-governador do Rio de Janeiro com o tenente-coronel Cláudio Oliveira, foram encontrados pratos entregues por restaurantes, como saladas variadas e carnes nobres.
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Na área em que Cabral, Oliveira e outros seis oficiais militares estão presos foram encontrados ainda sete telefones celulares, maconha, injeções de testosterona e roupas de mulheres.
Lista de pedidos em restaurantes encontrada em ala onde Sérgio Cabral está preso, em Niterói (RJ) / Reprodução
Ainda foi localizado um caderno com anotações de contabilidade, que trazia valores pagos a diversos tipos de serviços, como contador, advogada, familiares e aplicativos de delivery de comida. Em um final de semana de fevereiro, por exemplo, foram gastos mais de R$1.200 com entregas vindas de restaurantes.
Sem grades nas celas, o BEP tem suas regras próprias, algumas que são vistas como irregularidades pelo juiz Marcelo Rubioli, da Vara de Execuções Penais.
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Os detentos têm as chaves das próprias celas e dividem uma espécie de copa conjunta. A área ainda tem instalações como brinquedoteca, academia e tatame para artes marciais.
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Puxadinho
O caderno de contabilidade apreendido ainda aponta que eles estavam programando uma obra em área externa dentro do próprio BEP, a galeria dos oficiais, com a compra de 54 telhas, 25 ferros, 13 cumieiras, veda calha e até uma pedra de granito para bancada. Aparentemente o local seria uma área para uma churrasqueira.
Marcello Rubioli, juiz da Vara de Execuções Penais, disse à CNN que o que acontecia dentro do BEP se enquadra no maior nível de gravidade possível.
“Encontramos irregularidades da entrada até a saída da unidade. A nossa convicção hoje é que é uma unidade prisional onde todos os preceitos do militarismo não estavam sendo aplicados. É mais uma casa de convivência e compadrio do que uma unidade prisional efetivamente”.
Condenado há mais de 400 anos com a soma das penas de mais de 20 processos da Operação Lava-jato, Cabral já tinha sido transferido depois de terem sido encontrados itens como camarão, bacalhau e bolinho de queijo na cela dele no presídio de Benfica, zona Norte do Rio.
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A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que, por determinação do comando da Unidade Prisional da Corporação (UP/PMERJ), todas as decisões da Vara de Execuções Penais estão sendo rigorosamente cumpridas. Como parte desses procedimentos, afirmam que seis presos, entre os quais cinco oficiais, já respondem a processos administrativos disciplinares e tiveram, preventivamente, o direito a visitas suspenso.
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A advogada de defesa de Cabral, Patrícia Proetti, cita reportagem do “Fantástico”, da TV Globo, que revelou as primeiras irregularidades nesse domingo (1), para defender o cliente. Ela afirma que o programa “retrata uma perseguição infundada, uma vez que nada foi encontrado na cela do ex-governador que, inclusive, não responde a nenhum PAD [Procedimento Administrativo Disciplinar]. A defesa irá reagir de forma enérgica para impedir mais esta barbarie”.
Pedro Duranda, CNN Brasil
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