Os efeitos dos atos pró-Bolsonaro do 7 de setembro e a repercussão internacional
Os efeitos dos atos pró-Bolsonaro do 7 de setembro e a repercussão internacional
Brasil | Os atos pró-Bolsonaro do 7 de setembro, ontem, especialmente em Brasília, São Paulo, Rio e Recife lembraram em participação, vibração, emoção e civilidade os grandes atos das diretas já, em 1984. Como nos grandes comícios pela redemocratização, apesar das multidões não houve quebradeiras, brigas ou provocações. Vestidos de verde e amarelo, os que foram às ruas, ontem, mostraram que é possível protestar sem baderna.
Essa é a marca dos bolsonaristas em contraste com os que vestem vermelho em manifestações que poderiam ser iguais, não derivando para violência. O último ato contra o Governo em São Paulo, convocado por partidos de esquerda e entidades, terminou com o registro de depredação contra patrimônio público e agências bancárias, além de violência contra policiais que davam segurança ao evento.
Alguns manifestantes atearam fogo em pontos de ônibus e quebraram vidros de agências com caixas eletrônicos em funcionamento. Eles entraram em confronto com soldados da Polícia Militar de São Paulo e agentes de segurança de uma estação de metrô. Segundo a PM, foram atirados coquetéis ‘molotov’ contra os seguranças e os policiais.
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Ontem, em qualquer parte do País, o que se viu foi obediência às determinações dos organizadores. No lugar das quebradeiras, paz, sorrisos, beijos e abraços, gente enrolada na bandeira do Brasil, homens, mulheres e crianças unidas por uma causa só. As multidões, por si só, levam a outra leitura. Se o presidente está tão desgastado e reprovado, conforme atestam as pesquisas, as manifestações não teriam sido um fiasco?
A repercussão foi internacional. O portal norte-americano New York Times atribuiu a convocação das manifestações por parte do presidente à diminuição da aprovação nas pesquisas de opinião, à economia e às investigações judiciais em curso. O Times referiu-se aos atos como “uma demonstração de força que os críticos temem ser um prelúdio para uma tomada de poder”. Além disso, traçou paralelos entre Bolsonaro e o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump.
Interpretadas com vários vieses pela mídia nacional, as manifestações de ontem, entretanto, ficarão na história como uma das maiores já vistas no País, no momento em que há uma divisão latente na sociedade entre direita x esquerda, com debate histérico pelas redes sociais que só contribuem para tencionar ainda mais a crise institucional, cada vez mais radicalizada entre as ambas as partes.
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Troca de nomes – O presidente Jair Bolsonaro vai reunir, hoje, pela manhã, o Conselho de Governo. O grupo é composto pelo presidente, vice-presidente, ministros e eventuais convidados. O tema serão as manifestações a favor do governo realizadas no 7 de setembro. Bolsonaro disse durante o ato de Brasília, ao lado de apoiadores, que convocaria reunião do Conselho da República, órgão responsável por planejar eventuais intervenções ou estado de sítio, além de lidar com turbulências institucionais. De acordo com assessores do presidente, houve confusão quanto ao nome.
Data Povo – Em entrevista, ontem, ao Frente a Frente, o ministro Gilson Machado Neto (Turismo) disse que as gigantescas manifestações no Brasil revelaram a verdadeira pesquisa popular. “É o Data Povo”, brincou. Em seguida, acrescentou que o presidente Bolsonaro não está preocupado com pesquisas eleitorais e quis saber: “Em qual instituto o presidente liderava em 2018? E não foi eleito? O que importa é o sentimento das ruas, como vimos ontem em todos os cantos do País”.
Aos canalhas – Em discurso rápido na Avenida Paulista, no ao de 7 de setembro, o presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar o Poder Judiciário, como já havia feito pela manhã, e a criticar prefeitos e governadores pela condução durante a pandemia de covid-19. Aos milhares de apoiadores que lotaram a via, no entanto, o recado foi eleitoral. "Quero dizer aqueles que querem me tornar inelegível em Brasília que só Deus me tira de lá", disse. E completou na sequência: "Quero dizer aos canalhas que eu nunca serei preso."
Pisada de bola – A transmissão ao vivo do discurso de Jair Bolsonaro na Avenida Paulista foi interrompida diversas vezes para quem a acompanhou em canais de notícias. Com problemas técnicos, a GloboNews passou a usar imagens da Folha Política no Youtube, um dos canais bolsonaristas acusados de transmitir desinformação e punidos pelo TSE com a desmonetização. O presidente iniciou o seu discurso às 15h42. Por volta das 15h45, as transmissões da CNN começaram da ter o áudio picotado. Primeiro a emissora afirmou que o microfone do presidente apresentava problemas. Depois, que havia problemas na “transmissão do áudio” e que “havia dificuldade na internet” e que o sinal estava ruim. A emissora, no entanto, continuou tentando transmitir a fala, com idas e vindas.
Ato gigante – Tão ampla quanto a de Brasília e São Paulo, a manifestação pró-Bolsonaro, ontem, pela Avenida Boa Viagem, impressionou não apenas pelo entusiasmo e organização, mas pela forma como as pessoas se manifestaram saindo da praia em direção ao calçadão. Uma multidão. Kildare Jonhson, um dos organizadores do evento, chegou em falar em mais de cem mil manifestantes, número que a Polícia Militar não confirmou, alegando que não fez cálculos.
CURTAS
Visão de cientista – Cientistas políticos veem os atos do 7 de setembro de ontem como parte de uma estratégia de sobrevivência de Bolsonaro, diante da falta de agenda e de propostas para reverter o contexto negativo. "Sem poder agir da maneira que ele gostaria, ele radicaliza", avalia Carolina Botelho, pesquisadora do Laboratório de Neurociência Cognitiva e Social/Mackenzie.
Democracia – José Alvaro Moisés, da USP, afirmou que não foram episódios, como a prisão do ex-deputado Roberto Jefferson e a rejeição do impeachment do ministro Alexandre de Moraes que construíram o contexto dos atos, mas sim, uma forma de fazer política que combina atos, gestos e proclamações públicas que "corroem a democracia por dentro".
Perguntar não ofende: Como é possível reunir tanta gente em desvantagem nas pesquisas?
Por Magno Martins com edição de Ítala Alves
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