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Quais são os grupos pró-governo que vão às ruas em 7 de setembro e o que eles defendem

   Manifestações patriotas ocorrem em todos os estados do Brasil.  —  Foto: Reprodução.

Quais são os grupos pró-governo que vão às ruas em 7 de setembro e o que eles defendem
Publicado no Conexão Notícia em 07.setembro.2021.  

Brasil | Voto impresso — Militares, evangélicos, ruralistas, policiais militares e caminhoneiros. Esses são alguns dos principais segmentos da sociedade que apoiam o governo de Jair Bolsonaro e que estão se articulando para as manifestações de 7 de setembro. Os atos do Dia da Independência, segundo os organizadores, serão em defesa da democracia, da Constituição, da liberdade e das instituições.

A tensão entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário está dando a tônica para as mobilizações. As pautas desses grupos, entretanto, não são homogêneas – às vezes nem mesmo internamente. Confira quais são as principais demandas que esses grupos levarão para as ruas no Dia da Independência.

Evangélicos
Os evangélicos são um dos segmentos da população brasileira que mais deu suporte ao presidente Jair Bolsonaro desde a sua candidatura, em 2018. Esse apoio, mais uma vez, deve ser observado nas manifestações deste 7 de setembro.

Líderes de diferentes correntes do cristianismo estão convocando seus seguidores a comparecer aos atos marcados para o Dia da Independência. Dentre eles se destacam Silas Malafaia, da Assembleia de Deus; Claudio Duarte, do Projeto Recomeçar; os pastores Jorge e Daniela Linhares; Renê Terra Nova, fundador do Ministério Internacional Restauração; o pastor Samuel Câmara; e Estevam Hernandes, líder da Igreja Renascer.


As pautas do segmento vão além do apoio a Bolsonaro. Eles defendem: liberdade de expressão, separação dos poderes, respeito à Constituição e retorno do voto impresso.

Produtores rurais
Entidades ruralistas também despontam como as principais organizadoras do movimento pró-governo. Restrições impostas por governadores durante a pandemia e decisões do STF aproximaram ainda mais parte deste setor do presidente Jair Bolsonaro.

O Movimento Brasil Verde e Amarelo, que surgiu em 2017 para contestar uma decisão do STF sobre a cobrança do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural), está mobilizando suas bases: mais de 100 associações e sindicatos ligados ao agronegócio convocaram para as manifestações. Outros grupos, como a União Democrática Ruralista (UDR) e o Sindicato Rural de Uberlândia, também estão convocando para os atos.

Eles defendem pautas como a liberdade do Brasil, afrouxamento de regras ambientais, obras de infraestrutura, entre outros pontos. Por meio de doações espontâneas, empresários do setor têm sido importantes financiadores das manifestações do 7 de setembro.


Contudo, o apoio ao governo não é consenso dentro do segmento. Os parlamentares da bancada ruralista se dividem entre os que apoiam e os que condenam os atos pró-governo. As críticas recaem sobre as declarações do presidente contra o Poder Judiciário e a instabilidade institucional.

Exemplo dessa divisão é a recente carta assinada pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e outras seis entidades do agronegócio. Elas cobraram das lideranças do país uma postura “à altura” do Brasil e criticaram a possibilidade de “aventuras radicais” do governo.

Policiais militares
Policiais militares estão usando suas redes sociais para divulgar os atos pró-Bolsonaro. A movimentação, porém, gerou temor entre os governadores sobre a possibilidade de paralisações ou motins. No fim do mês passado, o governador de São Paulo, João Doria, afastou o coronel da PM Aleksander Lacerda depois que ele fez postagens convidando “amigos” para a manifestação e insinuando que o “caldo vai esquentar” em 7 de setembro.

Líderes representativos dos policiais, contudo, descartam qualquer possibilidade de motim ou paralisações e defendem que policiais da ativa possam participar à paisana, caso não estejam em serviço – a legislação brasileira prevê que policiais da ativa não podem se envolver em atos políticos e o Ministério Público considera que, mesmo não estando em serviço, a participação deles é ilegal.

Em entrevista à Gazeta do Povo, o deputado Capitão Augusto (PL-SP) disse que muitos policiais contestam decisões do STF contra a Lava Jato e no inquérito das fake news; e também a atuação do Congresso na CPI da Covid-19.

Em São Paulo, o afastamento do coronel Aleksander Lacerda e a insatisfação com a quebra da promessa de Doria de elevar o salário dos 90 mil policiais do estado também aumentou a possibilidade de PMs aderirem à manifestação. Mas o governo determinou que todos os policiais do estado vão trabalhar no 7 de setembro, uma medida para evitar a participação dos PMs nos atos.

Caminhoneiros
Impeachment dos ministros do STF, o voto impresso e a liberdade de expressão são as principais pautas para os caminhoneiros que vão participar dos atos pró-governo. A indignação com a Suprema Corte aumentou depois da operação da Polícia Federal contra o cantor Sérgio Reis, o caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes e outras oito pessoas.

Eles também trazem na agenda outras reclamações, como o baixo valor do frete e o preço alto dos combustíveis, fatores que, há muito tempo, fazem a categoria cogitar a declaração de uma greve nacional de caminhoneiros.

Sobre a possibilidade de paralisações no Dia da Independência, lideranças do setor que vão participar dos atos disseram que “este não é momento”. Contudo, alguns caminhoneiros pretendem bloquear trechos de rodovias, em atos não coordenados.

Uma reunião sobre as reivindicações econômicas e políticas dos caminhoneiros está marcada para setembro e, a partir das definições de uma pauta de reclamações comum, uma greve nacional pode ser deliberada até dezembro.

Militares
Militares da reserva e da ativa também devem participar dos atos pró-Bolsonaro, embora haja críticas e preocupações quanto a isso mesmo dentro das Forças Armadas. Fontes ouvidas pela Gazeta do Povo afirmam que boa parte deles, inclusive os da reserva, terá o cuidado de participar sem farda. Assim como PMs, militares da ativa são proibidos de participar de manifestações políticas.

Poucos generais da reserva – o último grau da carreira militar – devem comparecer às manifestações. E é pouco provável que generais da ativa participem dos atos. Bolsonaro não é unanimidade no topo da carreira, sobretudo no Alto Comando das Forças Armadas. Mas as manifestações tendem a contar com um grande número praças e oficiais de outras patentes.

As pautas defendidas pelos militares são: defesa da democracia, da Constituição, da liberdade e das instituições. Muitos também apoiam o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A intervenção militar pelo uso das Forças Armadas como um “Poder Moderador”, como já mencionou o presidente Jair Bolsonaro, é defendida por alguns militares de maneira informal, com base na interpretação do artigo 142 da Constituição.

O artigo 142 da Constituição, porém, prevê que cabe às Forças Armadas a defesa do país e a garantia da lei, da ordem e dos poderes constitucionais – que são apenas três: Executivo, Legislativo e Judiciário. Ou seja, segundo a Constituição, o corpo militar do país tem a missão constitucional de preservar os três poderes; e não intervir em qualquer um deles.

Movimentos populares civis
Alguns movimentos civis também estão aderindo às manifestações e estão convocando a população a participar. O movimento Nas Ruas, por exemplo, é o principal organizador dos atos pelo país. O porta-voz do Nas Ruas, Tomé Abduch, disse à Gazeta do Povo que os atos serão "democráticos, pacíficos e educados" e que a pauta será a "defesa da democracia, de nossa Constituição, de nossa liberdade e de nossas instituições".

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