A invasão de homens nos esportes femininos é um desrespeito inaceitável às mulheres
A invasão de homens nos esportes femininos é um desrespeito inaceitável às mulheres
Sociedade | Há quase três anos venho tentando trazer um pouco de racionalidade para o debate público sobre transexuais no esporte. Em meu último artigo para a Revista Oeste, escrevi sobre minha indignação e de tantas outras atletas olímpicas depois da ordem executiva que autoriza homens biológicos a competir com mulheres — bastando, para tal, apenas “identificar-se como mulheres”. Essa falsa inclusão significa a exclusão de meninas e atletas femininas de seus espaços no esporte, além de óbvia judicialização. A invasão de homens biológicos nos esportes femininos não é apenas errado, é um ataque frontal e um desrespeito inaceitável às mulheres — a própria discussão é, em si, ultrajante e humilhante. Mas hoje é a vez de sair em defesa dos homens.
Com novo inquilino na Casa Branca, morador que abriu as portas para as pautas da extrema esquerda e presta reverências ao politicamente correto, nesta semana voltou a circular nas redes sociais um comercial de TV de 2019 da Gillette, a famosa fabricante de lâminas e cosméticos do gigante Procter & Gamble. A peça ataca o que os produtores imaginam ser a atitude-padrão dos homens: estuprar, assediar, agredir e oprimir. Entre outras narrativas absurdas apresentadas no comercial, e propagadas pelos desmiolados da nova geração que idolatra programas de TV em que subcelebridades ficam trancadas em uma casa, a Gillette propõe a todos os homens “barbear sua masculinidade tóxica”. Segundo alguns “especialistas” em comportamento humano, a mudança teria começado com os movimentos feministas radicais, como o Me Too, o mesmo que demorou vinte anos para se levantar dos sofás das produtoras de Hollywood, já que nunca teria ocorrido a ninguém na história que estuprar, assediar ou agredir era errado na época em que algumas das mesmas atrizes do movimento se empanturravam de dinheiro dos produtores predadores.
Meninos e meninas, evidentemente, têm qualidades e defeitos e cabe a todos nós, como sempre coube, mostrar os melhores exemplos, educar, disciplinar, impor limites e orientar. Quando uma corporação cria uma campanha milionária com foco em um estereótipo extremo, evidentemente não representativo da grande maioria dos homens que adquirem seus produtos, ela está sendo, e não há outra palavra para usar, preconceituosa. Um comercial com a mesma ideia sobre mulheres ou qualquer minoria é possível? Você sabe a resposta.
Vou sempre sair em defesa de homens maravilhosos e honrados como meu pai, meu marido, meu filho e grandes amigos. Sei que são educados demais e ocupados o suficiente para não responder a ofensas de certas elites completamente desconectadas da realidade, encapsuladas em seu mundinho de autorreferências e que necessitam sinalizar virtude demonizando todos os homens. O que essa gente não percebe é que a atitude — na verdade, narcisista e autoindulgente — acaba exatamente por facilitar a vida de estupradores, assediadores e agressores. Estes, de sua parte, podem alegar que são apenas “homens como todos os outros” e assim desaparecer na multidão. Se o comportamento abusivo é padrão e natural, como condenar os criminosos por seus crimes? Eles estariam só “sendo homens” na lógica perversa e pervertida do extremo feminismo e dos homens-geleia que precisam do aplauso fácil da turba de cabelo azul.
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Esse comportamento empurrou a sociedade para um transe coletivista em que muitos homens acreditam que é preciso pedir desculpas pelo pecado de outros, pelos pecados históricos, sejam lá quais tenham sido, e, inclusive, pedir perdão pelo futuro. Na atual e absurda relação de dívidas históricas, os homens estão lá, os primeiros da lista com a letra escarlate no peito por todo mal que há no mundo, no passado e agora, prontos para a guilhotina. E ai ai ai deles se não se desculparem — os novos jacobinos virtuais cancelam tudo a seu redor. Numa sociedade na qual o indivíduo e suas responsabilidades viraram coadjuvantes, onde o que vale é o coletivo, machismo e masculinidade foram parar no mesmo balaio. E, em vez de vilipendiar a masculinidade, é preciso reforçar o papel histórico dos homens na proteção das mulheres e do lar, na parceria na criação e no cuidado com os filhos, e não o uso de espantalhos ideológicos preconceituosos para agradar à sanha de meia dúzia de ativistas enlouquecidas e mal resolvidas e da turba sedenta de poder e submissão.
Desde que o mundo é mundo, há estupradores, assediadores e agressores, e a maneira de combater esses crimes passa necessariamente pelo trabalho heroico de homens de bem. Um breve estudo comparado das diversas sociedades ao longo da história bastaria para qualquer um concluir que a América contemporânea é, sem nenhuma dúvida, o melhor lugar para que mulheres possam viver, trabalhar, estudar, criar os filhos e realizar-se plenamente em todos os papéis que sonharem.
Em 1984, na celebração de 40 anos do desembarque das tropas norte-americanas nas praias da Normandia na 2ª Guerra Mundial, o presidente Ronald Reagan fez um discurso histórico, com a presença de alguns dos rangers que sobreviveram àqueles dias:
Vocês eram jovens quando tomaram esses penhascos. Alguns de vocês eram apenas garotos com os maiores prazeres da vida diante de vocês e mesmo assim arriscaram tudo aqui. Por quê? Por que fizeram isso? […] Nós olhamos para vocês e de algum jeito sabemos a resposta. Fé e crença. Lealdade e amor. Isso é força. Isso é caráter.
A histórica evacuação maciça das tropas aliadas das praias e do porto de Dunquerque, também na 2ª Guerra, que envolveu centenas de embarcações da Marinha e civis e serviu como um ponto de virada para o esforço de guerra dos Aliados, é maravilhosamente retratada no excelente filme Dunkirk, de 2017, dirigido e produzido pelo britânico Christopher Nolan. O trecho que resume a ideia central do filme é aquele no qual um piloto de avião abatido, resgatado boiando no mar e traumatizado, grita com o homem comum que segue com seu pequeno barco para tentar resgatar soldados a pedido de Winston Churchill na França ocupada. “Você tem de voltar! Seu lugar é em casa!”, grita o piloto abatido.
Para o piloto, vivido pelo brilhante ator irlandês Cillian Murphy, o cidadão comum deve deixar a guerra para os profissionais, mostrando que o mais prudente é ausentar-se, omitir-se, proteger-se na própria casa, enquanto o destino da nação está sendo decidido por outras mãos. A resposta de Mr. Dawson, interpretado espetacularmente por Mark Rylance, não poderia ser mais definitiva e atual: “Se não ajudarmos, não haverá mais casa, filho”.
Não se esconder. Jamais. Isso é masculinidade, força e proteção. Homens reais são pessoas com quem os outros podem contar. Seja simplesmente para fazer o que disseram que fariam, ou para estar no lugar certo na hora certa. Tornar-se um homem significa ser consistente. Qualquer um pode fazer as coisas certas de vez em quando, mas as chances são de que, se você olhar para os homens que mais admira, todos eles ganharam seu respeito e confiança por meio da consistência.
A humildade é muitas vezes considerada um traço “suave” — dificilmente é a primeira coisa que vem à mente quando pensamos em “homem”. Mas a verdade é que a arrogância é mais frequentemente exibida por aqueles que, em sua falsa humildade, precisam ser o centro das atenções. Suas inseguranças aparecem à medida que buscam os elogios que precisam desesperadamente por meio da sinalização de virtude e falsa empatia. Os homens reais estão seguros de suas habilidades e não acham necessário colocar-se em mais alta estima do que aqueles a seu redor.
A grande geração que salvou o mundo do eixo nazifascista há mais de sete décadas era composta de heróis na essência do termo, em pensamento e ação, em força e capacidade de sacrificar tudo por todos. Lembrando G. K. Chesterton, eram jovens que não foram movidos pelo ódio do que estava na frente, mas por amor ao que deixavam para trás.
Tenho vergonha, como mulher, por todas as ingratas que costumam relativizar crimes em outras culturas em que mulheres não têm nenhuma voz na sociedade e que, ao mesmo tempo, não reconhecem a força de homens bons, que nutrem o companheirismo, a proteção, a consistência e a humildade que compõem a masculinidade, essencial para uma sociedade integrada e bem estruturada. Fica cada dia mais óbvio que o atual feminismo e os engajados pagadores de pedágio ideológico têm muito mais raiva dos homens do que amor pelas mulheres.
Há ainda os néscios que querem pregar a ideia bizarra de que homens são “mulheres com defeito”, e que basta “castrá-los”, fazê-los pedir desculpas pelos pecados de todos os homens para que sejam dóceis, obedientes e respeitadores. Aqui deixo meu apreço e carinho a todos os homens que são injustamente enquadrados em peças publicitárias vazias ou discursos hipócritas, feitos apenas para envernizar a narrativa idiota e inútil do “Mulheres X Homens”. Sinto também pelos homens que, na falta de consistência, hombridade, humildade e parceria, precisam fingir um arrependimento histórico que, na verdade, não passa de uma olhada no espelho para alimentar o próprio ego.
Tenho poucas certezas na vida, mas aqui apresento uma: a certeza de que falo em nome de muitas mulheres gratas aos bons homens que lutam há séculos por um mundo livre e seguro para todas nós. Foram bons homens que lutaram pela liberdade e criaram as leis que proíbem os crimes que supostamente incomodam as feministas mais radicais. E esses homens são a regra, não a exceção.
Leia também o artigo “A ONU não é amiga das mulheres”
Ana Paula Henkel, Revista Oeste
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