Idolatria e Culto à Personalidade, elementos inerentes ao Socialismo
Idolatria e Culto à Personalidade, elementos inerentes ao Socialismo
Sociedade | Por ser muito mais do que uma ideologia ou um sistema político — mas uma religião secular —, a idolatria e o culto à personalidade são elementos inerentes ao socialismo. Por estimular as massas a enxergarem o estado como se fosse Deus, a ideologia socialista invariavelmente incentiva seus adeptos a venerar o sistema político e acreditar nele como se fosse uma divindade. Por sua simbologia que é totalmente análoga ao cristianismo, a doutrina marxista tenta se estabelecer como uma religião suprema, onde o Deus verdadeiro é substituído pelo estado, Jesus Cristo é substituído pelo ditador que está no poder e a congregação cristã é substituída por um partido socialista onipotente, que governa sobre um regime unipartidário.
Pelo fato da ideologia socialista ser, efetivamente, uma religião política, ela possui os seus mártires e ícones religiosos; na verdade, o marxismo tem todo um panteão de divindades. As principais, evidentemente, são Karl Marx e Vladimir Lênin, ideólogos comunistas cujas doutrinas combinadas deram origem ao marxismo-leninismo, uma das versões mais agressivas e contundentes de socialismo já concebidas. Um dos principais objetivos do socialismo — além de substituir a religião tradicional —, é suplantar completamente o cristianismo.
Por isso — onde o socialismo se torna o sistema vigente —, a hostilidade explícita à religião vira uma realidade. Em função de seu caráter intrinsecamente despótico e tirânico, o socialismo não aceita outra coisa que não tornar-se absoluto. Isso explica, em parte, sua inerente brutalidade, violência e hostilidade absoluta contra todas as crenças religiosas. Por ser uma religião secular totalitária, o socialismo não aceita nenhum tipo de competição. Essa é a principal razão que o motiva a erradicar todas as religiões espirituais, especialmente o cristianismo, seu maior rival.
Como uma espécie de religião satanista que se apropria de símbolos do cristianismo, invertendo-os, o socialismo substitui compulsoriamente Deus pelo estado, o messias Cristo Jesus pelo ditador, a congregação cristã pelo partido político e a Bíblia pela cartilha oficial do partido, ou por uma constituição elaborada por burocratas. Por isso, em regimes socialistas, o ditador torna-se — arbitrariamente — o supremo líder absoluto da sociedade. Tudo gira em torno dele, todas as suas vontades devem ser saciadas e satisfeitas, tudo deve existir por ele e para ele.
É exatamente assim que as coisas são na Coréia do Norte, por exemplo, onde a população é obrigada a venerar os falecidos ditadores, Kim Il-sung (1912-1994) e Kim Jong-il (1941-2011). Kim Il-sung, fundador da dinastia Kim, governou o país desde o seu estabelecimento, em 1946 — no final da Segunda Guerra Mundial, depois da partilha da Península da Coréia —, até a sua morte, em 1994. Tendo presidido o país por 48 anos ininterruptos, ele foi um dos dirigentes governamentais a exercer um dos mandatos políticos mais longos do século 20. Existem mais de quinhentas estátuas em sua homenagem espalhadas pelo país inteiro. E onde há uma, os norte-coreanos devem prestar-lhe homenagem. A data do seu nascimento é conhecida como O Dia do Sol, e é celebrada como um feriado nacional.
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A adoração exacerbada que os norte-coreanos são obrigados a praticar em relação aos seus líderes políticos já falecidos oferece um retrato prático, porém cruel, do socialismo, um sistema que busca subjugar o indivíduo, escravizando-o até mesmo mentalmente. Uma vez que a escravidão psicológica é estabelecida, o indivíduo torna-se um obediente e servil escravo do sistema.
O falecido ditador Kim Il-sung é conhecido por títulos como Grande Líder e Eterno Líder. Quando morreu, foi agraciado com o título de Presidente Vitalício. Ninguém que virá depois dele terá o título ou o cargo de presidente. Seu filho, Kim Jong-il — o segundo ditador da dinastia e pai do ditador Kim Jong-un —, radicalizou ainda mais o culto à personalidade, fazendo a população adorá-lo como se ele fosse um deus vivo. Consequentemente, foram atribuídos a ele títulos tão pomposos quanto hiperbólicos, como Sol do Futuro Comunista, Pai do Povo e Estrela Brilhante da Montanha Paektu, uma montanha mística que, de acordo com a mitologia Juche, serve como localização geográfica da suposta origem da dinastia Kim, sendo o núcleo central das fábulas criadas pelo regime para executar uma pungente, desumana e agressiva lavagem cerebral sobre a população, com o objetivo de deixar todos em extrema sujeição à ditadura.
Os corpos embalsamados dos dois ditadores falecidos — Kim Il-sung e Kim Jong-il — encontram-se em exposição permanente no Palácio do Sol Kumsusan. Em função de toda esta desmesurada reverência e idolatria compulsórias prestadas a líderes políticos falecidos, a Coréia do Norte pode ser considerada uma necrocracia; literalmente, é um governo realizado pelos mortos, pois a nação é de fato governada pelas diretrizes políticas de líderes falecidos, cuja ritualística veneração permanente é parte integrante tanto do sistema político quanto do cotidiano da população.
Em um regime totalitário como a Coréia do Norte, existem regras rígidas para tudo, até mesmo para fotografar as estátuas e as obras de arte que retratam os falecidos ditadores. As estátuas são consideradas objetos quase sagrados; portanto, todas as regras concernentes à sua reverência devem ser ostensivamente seguidas até mesmo pelos turistas que visitam o país, frequentemente descrito como “reino eremita” em virtude do seu extremo isolamento. Isolamento, esse, que é uma consequência do Juche — a ideologia oficial do regime, uma espécie de versão norte-coreana do comunismo, desenvolvida pessoalmente por Kim Il-sung —, que, entre outras coisas, enfatiza a autossuficiência como um dos elementos fundamentais da doutrina. Tanto que todas as relações diplomáticas que o país mantém se resumem, basicamente, às suas interações políticas e comerciais com a China.
Na Coreia do Norte, existem regras rígidas para tudo, que devem ser seguidas nos mínimos detalhes. Um exemplo do que pode acontecer quando elas não são seguidas aconteceu com o estudante americano Otto Warmbier, em 2016. Durante uma viagem de intercâmbio até Hong Kong, Warmbier decidiu passear alguns dias na Coréia do Norte com um grupo de amigos e turistas. Lá, ele foi preso em Pyongyang após cometer o equívoco de remover um pôster da parede do hotel onde estava hospedado. Ele pensou estar sozinho, mas câmeras de segurança registraram sua transgressão.
O estudante foi preso, e — em consequência do seu ato — uma enorme controvérsia diplomática acabou se estabelecendo entre os Estados Unidos e a Coréia do Norte, países que possuem uma relação política atribulada desde a Guerra da Coréia. O julgamento do estudante foi, entre outras coisas, severamente penoso e traumático. Quando ele foi finalmente extraditado para os Estados Unidos, Warmbier estava em coma, e veio a falecer aos 22 anos de idade, em junho de 2017. Aparentemente, ele foi severamente maltratado enquanto esteve em custódia. Médicos norte-coreanos alegaram que o estudante contraiu botulismo. Ao ser analisado por médicos americanos, no entanto, nenhum sinal de botulismo foi encontrado. Aparentemente, o estudante foi terrivelmente torturado, e sofreu danos cerebrais irreversíveis, como consequência do tratamento agressivo a que foi submetido.
Não obstante, a verdade é que sempre existiram regras rígidas para tudo, especialmente para fotografar imagens dos supremos dirigentes políticos da nação, tanto estátuas e pinturas quanto os próprios líderes pessoalmente. Quando vivo, era expressamente proibido fotografar o ditador Kim il-sung de determinados ângulos, em função de um tumor que deixou um enorme caroço em seu pescoço, que era do tamanho de uma bola de tênis. Existe uma foto, no entanto, datada de 1984 — provavelmente tirada em algum evento político fora do país —, na qual o ditador está com o líder comunista húngaro János Kádár, onde é possível visualizar com nitidez o enorme tumor.
A idolatria e o culto à personalidade, no entanto, sempre foram características marcantes de todos os regimes socialistas e comunistas. Na Romênia comunista de Nicolae Ceausescu — cujo governo foi considerado um dos mais brutais da história, sendo considerado excessivamente cruel até mesmo para os padrões stalinistas do leste europeu —, o aniversário do ditador era celebrado como um feriado nacional. Nesta data, todas as pessoas eram obrigadas, ainda que indiretamente, a passar o dia inteiro sorrindo, pois ser flagrado deprimido, triste ou consternado era considerado um ato subversivo.
Ainda que não tenham difundido cultos de personalidade tão demagógicos ou brutais quanto os seus predecessores, os ditadores socialistas latino-americanos representaram um perigo para os seus respectivos países, pois sempre mostraram-se igualmente inclinados à rejeitar a realidade, e substituí-la por propaganda compatível com as diretrizes e postulados convenientes para o regime.
Cultivar todo um folclore político em cima de líderes carismáticos — tanto melhor se já são falecidos — é um elemento muito importante para uma ditadura. Hugo Chávez, por exemplo, embora tenha morrido há mais de sete anos, ainda é uma parte muito presente do regime socialista bolivariano, atualmente governado pelo seu sucessor Nicolás Maduro, e sua figura ainda é uma presença constante no consciente coletivo de boa parte da sociedade venezuelana. O regime frequentemente evoca a sua memória quando quer legitimar alguma nova medida política. "Chavez iria querer assim", reforçam em uníssono os burocratas governamentais. Alçado a um status mitológico dentro do folclore nacional, Hugo Chavez adquiriu uma imagem transcendental, quase "divina", que, além de estar sempre presente no imaginário popular, serve para validar qualquer determinação do sistema político.
Em certas ocasiões, as homenagens frequentemente descarrilham para descaradas e desconcertantes demonstrações de idolatria. Durante uma solenidade do Partido Socialista Unido de Venezuela — partido do ditador Nicolás Maduro —, uma conferecista, logo após um discurso, fez uma oração similar ao Pai Nosso, mas ao invés de agradecer a Deus, agradeceu a Hugo Chávez, o que mostra a presença do culto à personalidade no sistema político venezuelano.
Para citar outro exemplo, em um de seus inúmeros delírios políticos — que são uma manifestação da irrefreável excentricidade e psicopatia inerentes ao egocentrismo autoritário do socialismo —, Nicolás Maduro afirmou que, em determinada ocasião, um passarinho sobrevoou sua cabeça irradiando uma mensagem que lhe fora transmitida do além por Hugo Chávez. O que, além de ser um calculado delírio de grandeza da sua parte, manifestava intenções claramente políticas, com o objetivo de reforçar a presença de Chávez no imagináro político da nação.
Para completar esse quadro nefasto de exasperante e deplorável idolatria, a colossal e desmesurada adoração que Fidel Castro recebe até hoje — especialmente por parte de ricos simpatizantes que vivem no luxo e no conforto de países capitalistas, como o famoso cineasta e notório socialista caviar Oliver Stone, que produziu três documentários sobre o tirano — sempre foi estimulada pelo próprio ditador cubano. À despeito de suas patéticas tentativas de aparentar modéstia, Fidel sempre foi um narcisista vaidoso que adorava a atenção e a publicidade que a mídia e a imprensa internacional constantemente lhe dirigiam.
Aqui no Brasil, temos o caso de Lula, que é praticamente um deus para o PT e seus mais fervorosos acólitos. Lula é literalmente adorado pelos militantes do partido, e o partido incentiva toda a grandiloquente e irrefreável adoração dos seus adeptos pela "grande divindade". O PT já foi descrito por um parlamentar como um culto, mas até mesmo esta descrição é suave demais para definir o partido. O PT na verdade é uma seita satânica, e a idolatria e o culto de personalidade fomentado pela cúpula e pelas suas próprias diretrizes doutrinárias segue a cartilha socialista de repulsa ao Deus verdadeiro e de veneração compulsória a um falso deus político e humano.
Acontecimentos desta natureza enfatizam uma verdade fundamental sobre o socialismo: essa doutrina, na prática, é — além de um sistema brutal, agressivo e ostensivamente autoritário, que não se importa nenhum pouco com os seres humanos — uma nefasta e tirânica religião secular, que busca ocupar o lugar do Deus verdadeiro, substituindo-o pelo estado, assim como os ensinamentos de seu santo filho Cristo Jesus são substituídos pelos preceitos de uma ideologia radical mundana, maligna, vulgar e beligerante.
O objetivo principal do socialismo é dominar, brutalizar, tiranizar, oprimir e destruir. Aqueles que — no decorrer do processo — ficarem vivos, são convertidos em escravos de um sistema coletivista autoritário, tirânico e perverso, onde todos devem se anular para sobreviver. A adoração compulsória prestada a um falso deus político e humano é uma parte inerente, porém indissociável, de sua degradante e beligerante lista de dogmas repugnantes, degradantes e depravados, que tem por finalidade transformar pessoas em vassalos, e indivíduos independentes em escravos submissos e complacentes.
Através desses exemplos, a história mostra que o socialismo é uma depravação política, uma falsa religião e uma subversão moral. Rejeitar o socialismo não é apenas uma questão política, mas um princípio fundamental para se alcançar a redenção espiritual.
Wagner Hertzog
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