Etiópia acusa chefe da Organização Mundial de Saúde de apoiar rebeldes no norte do país
Etiópia acusa chefe da Organização Mundial de Saúde de apoiar rebeldes no norte do país
Publicado no Conexão Notícia em 19.nov.2020.
Mundo | Tedros Adhanom foi ministro da Saúde e das Relações Exteriores do país entre 2005 e 2016, durante governo do grupo que agora controla a região de Tigray. Primeiro-ministro etíope, que venceu o Nobel da Paz em 2019, lançou ofensiva contra o grupo político no norte do país.
O exército da Etiópia acusou nesta quinta-feira o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, de apoiar e tentar obter armas e apoio diplomático para rebeldes na região de Tigray, no norte do país.
"Este homem é um membro desse grupo e tem feito tudo para apoiá-los", afirmou o chefe do Estado-Maior do Exército, general Birhanu Jula, em um comunicado transmitido pela televisão.
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A acusação ocorre em meio a uma ofensiva militar do governo etíope na região de Tigray, onde o partido FLPT luta contra as tropas do governo.
Tedros Adhnom é etíope, nasceu em Tigray e foi ministro da Saúde do país (entre 2005 e 2012) e ministro das Relações Exteriores (entre 2012 e 2016) em uma coalizão governamental liderada pela TPLF.
Os líderes da Frente de Libertação do Povo Tigray (FLPT) dizem que são perseguidos pelo primeiro-ministro do país, Abiy Ahmed, e foram expulsos do governo do país.
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Abiy Ahmed, que venceu o Nobel da Paz em 2019, deu um ultimato militar aos adversários. O primeiro-ministro afirmou na terça-feira (17) disse que o "ato final da aplicação da lei" acontecerá nos próximos dias.
Abiy Ahmed ganhou o prêmio Nobel da Paz por acordo que encerrou 20 anos de guerra entre Etiópia e Eritreia — Foto: Reuters/Tiksa Negeri
Disputa política na Etiópia
O FLPT foi o partido dominante na Etiópia por décadas, mas tudo mudou com a chegada de Ahmed ao poder, em 2018.
Eleito como um "líder reformista", o novo primeiro-ministro acusou ex-funcionários do governo de corrupção e abusos aos direitos humanos e expulsou políticos importantes da FLPT do governo.
Ahmed dissolveu a coalizão multiétnica que governava o país até então e criou o Partido da Prosperidade (PP), o que aumentou a tensão política.
A FLPT se opôs, alegando que a ação dividiria o país, e se recusou a fazer parte da nova aliança.
O partido também discordou das negociações de paz entre a Etiópia e a Eritreia, após 20 anos de guerra, que renderam o Nobel da Paz a Ahmed (veja mais abaixo).
As tensões se acentuaram em setembro, quando o Tigray realizou eleições regionais, apesar de o pleito ter sido adiado pelo governo de Ahmed por causa da pandemia.
O primeiro-ministro não reconheceu a legitimidade das eleições e cortou laços e congelou verbas para a região.
Mapa mostra a região de Tigray, no norte da Etiópia — Foto: G1
Crise humanitária
A Etiópia é o segundo país mais populoso da África, e analistas e observadores temem que o conflito armado se transforme em uma guerra civil.
Até o momento, centenas morreram e milhares de deslocados fugiram para o Sudão.
A ONU afirma que há uma crise humanitária plena no país, e as Nações Unidas e governos da Europa e da África pedem para que as duas partes negociem.
Várias potências mundiais, como os Estados Unidos e a China, mantêm bases militares no Chifre da África devido ao histórico volátil e à localização estratégica da região como rota comercial.
O vencedor do prêmio Nobel da Paz já afirmou que só vai negociar quando a lei for restaurada em Tigray.
Por G1
Foto: Salvatore Di Nolfi/AP
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