Agentes de saúde protestam contra remoções de profissionais da rede federal.
Agentes de saúde protestam contra remoções de profissionais da rede federal
Publicado no Conexão Notícia em 17.nov.2020.
Agentes de Saúde | A informação que seis médicos foram transferidos da unidade sem possibilidade de recurso, na semana passada, foi divulgada com exclusividade pelo DIA.
Rio - Profissionais da rede federal de saúde realizam um protesto, na manhã desta segunda-feira, em frente ao Hospital Federal do Andaraí (HFA), na Zona Norte. Aproximadamente 200 agentes se reúnem na Rua Gastão Penalva e, com faixas e cartazes, chamam atenção da população para duas pautas: a transferência ex-officio, sem possibilidade de recurso, de seis médicos do HFA, sendo cinco deles chefes de serviço, como os de oncologia e tratamento de queimados, e o certame do Ministério da Saúde que vai substituir, em 31 de dezembro, 3.117 profissionais com, no mínimo seis anos de serviço na rede. Segundo os manifestantes, o certame apresenta irregularidades.
"Cerca de 70% profissionais tiveram pontuação zerada no certame, apesar de boa parte terem mais de 10 anos de atuação na rede. O edital contava pontos por cada ano de serviço, mas, de forma fraudulenta, isso não foi levado em consideração", afirma Sidney Castro, diretor do Sindicato dos Trabalhadores e Previdência da Rede Federal de Saúde do Rio de Janeiro (Sindsprev/RJ).
Outro ponto do edital que os manifestantes caracterizam como fraude é a substituição de profissionais com tempo de serviço dos hospitais por agentes sem experiência comprovada.
Identificamos que há pessoas aprovadas no edital que não têm a comprovação da especialidade requerida no processo seletivo, diz Christiane Gerardo, diretora do Sindsprev/RJ.
REMOÇÃO NA REDE
Os agentes que se manifestam nesta manhã chamam atenção para o que chamam de processo de tentativa de privatização da rede federal.
O receio é que aconteça na rede federal o mesmo que se deu na municipal e estadual de Saúde: a terceirização da administração dos serviços para entidades privadas como as Organizações Sociais (OSs), o que foi um caminho aberto para a corrupção e consequente precarização dos atendimento à população, diz Christiane Gerardo.
A remoção dos profissionais chefes de serviço, com mais de 35 anos de atuação na rede federal, determinada na última semana pela Superientência do Ministério da Saúde do Rio, é uma tentativa, segundo os manifestantes, de desarticular a oposição dentro das unidades ao certame e ao que chamam de processo de privatização em curso na rede federal. De acordo com eles, boa parte dos profissionais que estão sendo removidos integram ou já integraram o Corpo Clínico dos hospitais, entidades eleitas pelos profissionais para fiscalizar e cobrar melhores condições de trabalho e atendimento à população.
Neste momento, os manifestantes caminham, na Rua Gastão Penalva, da porta principal do Hospital do Andaraí para a entrada do Serviço de Oncologia ("Casa Rosa"), cujo diretor, doutor Silvino Frazão de Matos), com 45 anos de atuação no Hospital do Andaraí, é um dos profissionais que estão sendo transferidos da unidade. A Polícia Militar acompanha os manifestantes.
RESPOSTA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE
O Ministério da Saúde afirmou que o certame prossegue e que o processo seletivo seguiu todos os princípios da moralidade pública. Porém, na nota enviada nesta segunda-feira a O DIA, não comentou as transferências dos chefes de serviço da rede nem as denúncias sobre um suposto processo de privatização dos serviços hospitalares na rede federal.
Segue nota na íntegra:
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O Ministério da Saúde informa que os profissionais selecionados por meio do Edital nº 14/2020 já começaram a ser convocados e iniciam o trabalho a partir de dezembro, garantindo um eficiente processo de transição para que não haja prejuízo no atendimento à população - uma vez que os contratos dos profissionais em vigência foram prorrogados até 31 de dezembro de 2020.
Cabe reforçar que o certame foi realizado em total alinhamento à legislação vigente, garantindo, assim, princípios legais de isonomia, impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos dando total lisura do processo.
A pasta elaborou um sistema de inscrição eletrônico, tendo como requisito de classificação o preenchimento correto e completo do formulário de inscrição, determinante no fornecimento das informações verídicas. O descumprimento desse processo implicaria na desclassificação do candidato, conforme critério estabelecido previamente, descrito nos itens 3.1 e 3.8 do edital. O documento traz de maneira objetiva, critérios eliminatórios de seleção, classificação e requisitos básicos exigidos para a contratação".
O dia, por Bernardo Costa
Foto: Daniel Castelo Branco
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