ENTREVISTAS: Falta de liberdade para falar de Jesus é o maior sofrimento de cristãos perseguidos
ENTREVISTAS: Falta de liberdade para falar de Jesus é o maior sofrimento de cristãos perseguidos
Gospel — Marco Cruz, secretário-geral da Portas Abertas Brasil, fala sobre a igreja perseguida em entrevista exclusiva ao Gospel Prime.
Marco Cruz, secretário-geral da Portas Abertas no Brasil, um ministério que atua há 65 anos fortalecendo cristãos perseguidos ao redor do mundo, afirma que um dos maiores sofrimentos que a perseguição religiosa infringe é a falta de liberdade para “expressar o amor que sente por Jesus”.
Cruz explica que “em países muçulmanos e em famílias radicalmente muçulmanas, o cristão que acabou de se converter é ameaçado de morte se voltar a falar de Jesus ou sequer cogitar que se tornou cristão”.
Utilizando dados da Portas Abertas, ele diz que “liberdade é a palavra que sempre aparece nos testemunhos destes irmãos”. “Eles têm um desejo de falar e ter uma vida como um cristão, mas como não podem, tudo fica mais duro e difícil para eles”, completa.
A falta de liberdade também acaba produzindo solidão. Ter comunhão com outros irmãos na fé, participar de um culto, orar juntos ou louvar a Deus através de cânticos é “um sonho distante”.
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Estatísticas do ministério mostram que a cada 10 cristãos ex-muçulmanos, 8 retornam à fé islâmica, por não suportarem a pressão, que vem, muitas vezes, da própria família. Salienta, contudo, que cada país tem uma realidade de perseguição diferente.
Na Coreia do Norte, por exemplo, quando alguém conhece o evangelho, “escamas caem de seus olhos”. O cristão passa a ter consciência de toda a idolatria que foi forçado a ter em relação à família Kim e a todos os enganos que foi submetido. Isso produz uma mudança radical em sua vida.
“Ele quer mudar, falar sobre o evangelho a vizinhos, filhos, cônjuges, mas pode ser preso, torturado e até morto se fizer isso”, afirma Cruz.
Não são cidadãos da Terra
Além da falta de liberdade religiosa, a falta de liberdade civil também traz muito sofrimento aos cristãos em contextos de perseguição.
Na maioria dos países em que cristãos são perseguidos, as autoridades estão intrinsecamente envolvidas na perseguição e a legislação não garante direito de escolha de outra religião, a não ser a vigente no país.
Na Índia, “ser indiano é ser hindu”. “É questão de cidadania e identidade. Não existe a opção de ser outra coisa. Ele nasceu indiano, não tem como negar sua nacionalidade. E, para eles, não tem como negar ou trocar sua religiosidade. Ele é hindu”, explica.
Em países de maioria muçulmana, a religião é descrita no documento de identidade. Caso haja conversão ao cristianismo, “uma nova identidade lhe é negada”. Não há o direito legal de alterar sua religião para cristão em seu documento.
Cruz explica que direitos civis básicos como água, luz e emprego são negados. Relata que em Bangladesh, uma família que conheceu o evangelho teve o esgoto de todas as casas da vila desviados para sua casa.
No México, crianças de famílias cristãs foram proibidas de frequentar a escola da tribo. Quando os pais resolveram ensinar os filhos em casa, evitando que aprendessem de práticas anticristãs na escola, foram multados e presos por evasão escolar.
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