Rússia: um truque para maquiar os números de casos e mortes
SOB SUSPEITA - Enterro em Moscou: o número real de mortes pode ser três vezes maior. — Foto/Reprodução/Reuters.
Secretário de vigilância do Ministério da Saúde deixará o cargo nessa segunda-feira
Fonte: Veja, Denise Chrispim Marin. — Publicado no CN em 25.maio.2020.
Fonte: Veja, Denise Chrispim Marin. — Publicado no CN em 25.maio.2020.
Coronavírus - O governo de Vladimir Putin exibe a mais baixa taxa de mortos pela Covid-19 do planeta; a "trapaça" está na definição da causa.
Na Rússia de Vladimir Putin, a realidade, às vezes, tem de se adaptar à conveniência que vem de cima. Com a popularidade em meros 59%, a mais baixa desde 2013, o todo-poderoso presidente alardeia a todo instante o número ínfimo de mortos no país (o menor do planeta) em decorrência da Covid-19: 0,9%, em comparação à média global de 7%, um índice de fazer ruborizar as nações europeias mais afetadas pela pandemia, todas com taxa de letalidade nos dois dígitos (veja o gráfico). Mas como a Rússia, onde o sistema de saúde público deixa a desejar, realizou essa façanha? Resposta: dando um jeitinho nas estatísticas, que ela defende com unhas e dentes como um método “excepcionalmente preciso”.
O número de casos confirmados de contágio do novo coronavírus em território russo passava de 300 000 na quinta-feira 21 — o segundo mais alto do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos (1,5 milhão) e 26 000 a mais que o Brasil. O segredo das menos de 3 100 mortes até agora é a maneira como elas são contabilizadas. O atestado de óbito só menciona Covid-19 se a vítima, ao falecer, não apresentar nenhuma outra doença grave preexistente que o vírus tivesse potencializado. Até a morte número 1, de uma mulher de 79 anos, ocorrida em Moscou em 19 de março, teve reclassificação: acabou sendo atribuída a um coágulo e removida da lista de Covid-19. De acordo com Tatiana Golikova, vice-primeira-ministra para assuntos de saúde, a Rússia faz a autópsia de 100% das mortes suspeitas para definir as causas. “Jamais manipulamos estatísticas oficiais”, proclamou ela, em tom indignado, como se remover da relação o cardiopata que pegou o vírus e, por causa dele, sofreu um ataque cardíaco fatal não fosse nada demais.
Veja também:
+ Mais de 9 milhões de pedidos de auxílio estão em análise na Caixa
+ Celebridades que hoje trabalham em empregos comuns
+ CORONAVÍRUS: A grave ameaça às atividades dos profissionais de saúde
+ Profissionais da saúde incapacitados pela covid-19 podem vir a ser indenizados
+ No Brasil, quase 200 mil profissionais de saúde estão sob suspeita de contrair covid-19
+ Abuso? Câmara aprova plano de saúde vitalício para ex-deputados em plena pandemia
+ Curada, 1ª agente de saúde indígena com Covid ajuda seu povo em área crítica no AM
+ UOL: Enfermeira alega 'calor' e usa apenas lingerie por baixo de EPI em hospital
+ PT e outros 6 partidos entram com pedido de impeachment de Jair Bolsonaro
+ Bonner denuncia que CPF de filho foi usado em fraude no auxílio emergencial.
Publicado em VEJA de 27 de maio de 2020, edição nº 2688
+ Médicos voluntários do Projeto Missão Covid atendem pessoas com suspeita da doença ou com dúvidas sobre o novo coronavírus.
Faça o seu comentário aqui!