MPF pede que YouTube remova vídeos do "Apóstolo" Valdemiro Santiago sobre sementes que poderiam curar coronavírus
Valdemiro Santiago não fala explicitamente em pagamento, pois emprega a palavra-código ‘propósito’. — Foto/Reprodução/YouTube.
MPF pede que YouTube remova vídeos do Apóstolo Valdemiro Santiago sobre sementes que poderiam curar coronavírus
O Ministério Público Federal (MPF) enviou um ofício ao presidente do Google no Brasil solicitando a retirada de vídeos no YouTube nos quais o "Apóstolo" Valdemiro Santiago de Oliveira, da Igreja Mundial do Poder de Deus, promove sementes de feijão “com poderes para curar COVID-19”. O MPF deu cinco dias para que o Google responda o ofício.
Ainda não há cura comprovada para o novo coronavírus, que causa o COVID-19, além dos cuidados médicos que fazem os pacientes se recuperarem aos poucos.
O órgão também encaminhou notícia-crime ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP) pedindo investigação por suposto crime de estelionato cometido pelo pastor Valdemiro. Nos vídeos, o pastor utiliza o termo “propósito” para que os fiéis paguem entre R$ 100, R$ 500 e R$ 1.000 pelas sementes de feijões.
“Valdemiro Santiago não fala explicitamente em pagamento, pois emprega a palavra-código ‘propósito’ (as vítimas não fariam pagamentos, mas ‘propósitos’). Porém, apesar do disfarce linguístico, o intuito está claro: os fiéis devem pagar valores predeterminados para obter feijões mágicos que poderão curá-los da COVID-19, mesmo em casos graves”, escreveu o MPF em um comunicado à imprensa.
“Não basta ter fé nem ser seguidor do líder religioso, pois não há a possibilidade de fiéis sem condições econômicas receberem o produto. As sementes só serão entregues àqueles que exibirem comprovante de pagamento”, completam.
Para a Procuradoria, está claro o uso de influência religiosa e da mística da religião para obter vantagem pessoal ou em benefício da Igreja Mundial do Poder de Deus, “pois não há evidência conhecida de cura da COVID-19 por meio de alguma divindade nem por ingestão ou plantação de feijões mágicos”.
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O MPF diz que a notícia-crime não pretende interferir na liberdade religiosa, nem criminalizar a contribuição econômica de fiéis para a igreja. Mas justifica a iniciativa dizendo que “não se pode, a título de liberdade religiosa, permitir que indivíduos inescrupulosos ludibriem pessoas vulneráveis e firam a fé pública”.
Para Wellington Cabral Saraiva, procurador regional da República e autor da notícia-crime, “se ele [Valdemiro] não fosse líder religioso interessado apenas em obter dinheiro de vítimas incautas, ofereceria essa solução não apenas àqueles que pudessem lhe pagar, mas a toda a humanidade. Nisso estaria passo importante da religação entre o homem e suas divindades, que caracteriza as religiões.”
Em um comunicado enviado ao G1, a Igreja Mundial do Poder de Deus disse que “a campanha do mês de maio ‘sê tu uma benção’, representado pela semente do feijão, não se refere a venda de uma ‘promessa de cura’, mas sim o início de um propósito com Deus”.
Ainda segundo a igreja, “foi amplamente esclarecido em todos os vídeos que toda cura vem de Deus e que a semente é uma figura de linguagem, amplamente mencionada nos textos bíblicos, para materializar o propósito com Deus” e que “o valor da suposta venda divulgado, resta rechaçada veemente, haja vista ser a oferta espontânea, a qual é dada de acordo com a condição e manifestação de vontade de cada fiel, não tendo nenhuma correlação com o comércio de qualquer produto e/ou serviço”.
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