NESTA CRISE, NÃO PERCA A CALMA NEM A ALMA
AD Ministério do Belém faz Ceia do Senhor drive-thru
Ainda encerrado em casa, devido à covid-19, voltei a dar-me conta de que o mundo que eu conhecera, até o último mês de março de 2020, não existe mais. Lojas fechadas. Ruas quase desertas. E igrejas tristemente vazias. À distância, vejo os logradouros públicos – praças, hortos e jardins – elegiacamente esvaziados. Apavoradas, e já beirando ao desespero, as pessoas esquivam-se umas das outras. Só com muita dificuldade, arranca-se desta um tímido “bom-dia” e, daquela, um “boa-noite” furtivo e quase inaudível; os últimos dias e noites têm sido de apreensão e medo.
Neste cenário pré-apocalípito, vem-me ao espírito uma pergunta, que, sem dúvida, muitos estão a fazer: “Como atravessar o atual momento?”.
Embora eu não seja especialista em crises, partilharei com você, querido irmão, minha experiência pessoal. Desde a chegada desse agente infeccioso, venho observando alguns cuidados espirituais, devocionais e emocionais, com o intuito de afugentar o vírus do medo, mais deletério que o vírus corona. Isso não significa, porém, haja eu descurado as precauções sanitárias recomendadas. Afinal, a Bíblia Sagrada, a inspirada e inerrante Palavra de Deus, recomenda-me sabedoria e prudência em todas as instâncias de minha jornada, aqui na terra.
Se você, irmão querido, permitir-me, mostrar-lhe-ei como venho enfrentando este capítulo tão singular da história dos filhos de Adão e Eva. Em primeiro lugar, busquemos uma definição de crise.
I. COMO DEFINIR UMA CRISE
É na crise que passamos a conhecer o próprio coração. Eis por que Davi rogou com fortes instâncias ao Senhor: “Quem pode entender os seus erros? Expurga-me tu dos que me são ocultos” (Sl 19:12). Foi nas estações mais críticas de sua vida, que o rei de Israel veio a aprofundar a sua comunhão com o Deus de Israel. Haja vista a composição do Salmo 51. Mas, o que vem a ser uma crise? Examinemos-lhe a etimologia.
1. Significado etimológico da palavra crise. O vocábulo “crise”, conforme o encontramos em nossos léxicos, procede da palavra grega krísis. Este termo não significa apenas momento difícil, ou decisivo; significa, outrossim, uma excelente oportunidade de se discernir e de se julgar as coisas.
Em seu Grande Dicionário Etimológico-Prosódico da Língua Portuguesa, o professor Francisco da Silveira Bueno oferece-nos mais algumas adendos acerca da significação dessa palavra: “Transformação, conjuntura e perigo, situação difícil”.
2. Definição de crise. A crise é um período de adversidade singular, que desafia todos os recursos espirituais, morais e emocionais, quer de uma pessoa quer de uma nação, forçando-nos a superar todas as nossas limitações e constrangendo-nos a ir além de nossas forças.
3. Crise, um momento de avaliação, conhecimento e de louvor a Deus. É nas crises que passamos a conhecer melhor a nós mesmos, a nossos irmãos e amigos e, principalmente, a Deus.
a) O conhecimento de si próprio. O Salmista, como excelente teólogo, reconhece que, sem a crise pela qual passara, jamais teria alcançado a perfeição espiritual: “Antes de ser afligido andava errado; mas agora tenho guardado a tua palavra” (Sl 119:67).
Veja também:
b) O conhecimento do verdadeiro amigo e irmão. Sendo o mais sábio dos homens, o rei Salomão via a crise como um poderoso recurso didático, que nos leva a conhecer melhor o verdadeiro amigo e irmão: “Em todo o tempo ama o amigo e para a hora da angústia nasce o irmão” (Sl 17:17).
c) O conhecimento mais profundo e pessoal de Deus. Não fora a crise, que fortemente o atingira, o patriarca Jó jamais teria se aprofundado em sua comunhão com o Senhor, conforme ele próprio confessa: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (Jó 42:5,6).
A seguir, veremos como retemperar as forças espirituais, psicológicas e emocionais em tempos de crise e de provação.
II. EM PRIMEIRO LUGAR, NÃO SE ESQUEÇA: HÁ UM DEUS NO CÉU
Num momento crítico de seu ministério, estando já apenado à morte, professou Daniel ao rei Nabucodonosor: “Mas há um Deus no céu” (Dn 2:28). Como resultado desta ousada profissão de fé, o santo profeta e seus amigos experimentaram um grande livramento divino na corte babilônica. Nessas instâncias, pois, tomemos as atitudes corretas.
1. Creia que Deus existe. Numa crise como esta, aproxime-se de Deus, querido irmão, crendo que Ele, não somente existe, mas está sempre pronto a intervir em prol dos que o amam. Recomenda o autor sagrado: “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hb 11:6).
2. Creia que Deus trabalha em prol dos que nele confiam. Nessa luta, não estamos sós, pois Deus está a trabalhar em nosso favor; nele esperamos piamente. Consola-nos o profeta Isaías: “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti que trabalha para aquele que nele espera” (Is 64:4).
3. Deus está conosco no fogo da provação. Todos estamos sendo duramente provados. Mas é justamente neste cadinho de aflições e temores, que mais sentimos o amor e a proteção de Deus. Repousemos na promessa divina: “Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti” (Is 43:2).
III. ALIMENTE-SE, DIARIAMENTE, DA PALAVRA DE DEUS
Conta-se que durante a Guerra Civil Americana, que se alongou de 1861 a 1865, o presidente Abraham Lincoln leu, repetidas vezes, o livro de Jó – belíssima obra sapiencial da Bíblia Sagrada. Nas provações do santo patriarca, o mandatário norte-americano achava remanso e paz verdadeira. Em horas de crise, refugiemo-nos na Palavra de Deus.
1. Leia a Bíblia diariamente. Quer na crise quer na bonança, leiamos a Bíblia Sagrada diariamente, para que, diariamente, sejamos alimentados com o pão que desce do Céu. Imitemos o exemplo do Salmista: “Oh! quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia” (Sl 119:97).
2. Lendo-a, tornamo-nos sábios para a vida eterna. Ao ler a Bíblia regularmente, o crente torna-se precavido e sábio; capacita-se a discernir tempos e estações. E jamais se deixa contaminar por anúncios ruins e maldosamente articulados, como sói acontecer em tempos de emergência. Eis como o autor sagrado encarava os maus agouros: “Não se atemoriza de más notícias; o seu coração é firme, confiante no SENHOR” (Sl 112:7).
3. Estudando-a, sabemos que nenhum cativeiro é eterno. No enfrentamento de uma crise, temos a impressão de que esta é eterna. Conhecemos-lhe a gênese, mas não a escatologia. Voltando-nos, porém, ao Livro de Deus, conscientizamo-nos de que nenhuma tristeza há de durar para sempre. O poeta e cantor de Israel, acostumado às lágrimas e bem afeito às aflições, consola-nos: “Porque não passa de um momento a sua ira; o seu favor dura a vida inteira. Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã” (Sl 30:5).
IV. ORE DIARIAMENTE, PORQUE DIARIAMENTE DEUS NOS OUVE
A crise deflagrada pelo vírus corona não desesperançou o povo de Deus. Na cidade pernambucana de Abreu e Lima, por exemplo, os crentes da Assembleia de Deus foram às ruas, dobraram os joelhos e clamaram pela intervenção divina. Conforme o portal de notícias Pleno News, o pastor daquele corajoso e ousado rebanho, irmão Roberto José dos Santos, declarou:
“Todos os nossos irmãos estão em todas as avenidas e ruas, em todas as cidades, orando pelo nosso presidente Jair Bolsonaro, pelas autoridades e pelo nosso Brasil. Esta nação é do Senhor Jesus! Ninguém deterá a marcha do Povo de Deus!”.
Vejamos, agora, por que devemos orar em tempos de crise e de angústia:
1. Devemos orar, porque Deus responde. Embora isolado socialmente e prestes a deprimir-se, o profeta Jeremias foi reconfortado pelo Senhor: “Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes que não sabes” (Jr 33:3). Portanto, não tenhamos medo. Deus está prestes a surpreender-nos com suas misericórdias e grandezas.
2. Devemos orar, porque a nossa oração tem um efeito singular. Apesar de nossa pequenez, insignificância e anonimato, jamais desprezemos o poder de nossa oração, conforme leciona Tiago: “A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tg 5:16). Logo, querido irmão, ao orar ao Deus Único e Verdadeiro, não se subestime; suas orações, feitas com fé e mediadas pelo Espírito Santo, serão respondidas, pelo Pai Celeste, com efeitos inesperados, poderosos e eternos.
3. Devemos orar, porque é a nossa obrigação. Não somente nas crises, mas também nas venturas, oremos pelos que se acham em evidência, para que, no temor de Deus, cumpram os seus deveres em prol do bem comum. Ouçamos o apóstolo Paulo:
“Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade; porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade. Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (1Tm 2:1-4).
V. NÃO DÊ LUGAR AOS RUMORES, MAS PROCURE SEMPRE A VERDADE
John Wesley (1703-1791) lia regularmente os jornais, para ver o que Deus estava fazendo no mundo. O fundador da Igreja Metodista, entretanto, como sábio e precavido obreiro de Cristo, sabia como filtrar as notícias que, diariamente, chegavam-lhe através da imprensa. Semelhante precaução tomaremos nós, a fim de que não nos submerjam em informações dúbias, inexatas e tendenciosas. Mas, desde já, agradeço a Deus pelos jornalistas que, com fidelidade, exatidão e sem parcialidades, buscam retratar-nos a realidade dos fatos.
1. Os boatos desagradam a Deus e prejudicam o povo. Quem ama a pátria e faz do jornalismo os olhos e os ouvidos da nação, como diria Rui Barbosa, jamais divulga boatos e inverdades. Mas, responsável e criteriosamente, realça a veracidade dos acontecimentos, pois a boataria leva o desassossego e a ruína a todos. Quanto às informações imprecisas e dúbias, adverte-nos o Senhor por intermédio de Moisés:
“Não espalharás notícias falsas, nem darás mão ao ímpio, para seres testemunha maldosa. Não seguirás a multidão para fazeres mal; nem deporás, numa demanda, inclinando-te para a maioria, para torcer o direito” (Ex 23:1,2).
No entanto, volto a repetir, louvo a Deus pelos órgãos de imprensa, que porfiam em retratar-nos, fidedignamente, todos os lados de uma ocorrência.
2. Examinemos tudo e retenhamos o bem. Através da mídia, chegam-nos, a cada minuto, avalanches de informações. Não é sem razão, pois, que temos de ser cuidadosos e seletivos ante uma notícia. Examinemo-la rigorosamente; vejamos-lhe a procedência e provemo-la de maneira crítica, prudente e sábia, conforme recomenda o apóstolo Paulo aos irmãos de Tessalônica: “Examinai tudo. Retende o bem” (1Ts 5:21).
Não podemos recepcionar acriticamente uma notícia. Se esta não primar pela imparcialidade, descartemo-la. Jamais nos coloquemos sob a tirania da mídia; tenhamos a verdade como a nossa máxima referência, conforme declara o doutor dos gentios: “Porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade” (2 Co 13:8).
3. Tenhamos informações seguras, com o intento de levar adiante o ministério da intercessão. No desempenho do ministério da intercessão, carecemos de informações seguras e fidedignas; doutra forma, como apresentaremos nossas petições ao Senhor? Levemos em conta, então, a tríplice observação do Mestre Divino: “Olhai, vigiai e orai; porque não sabeis quando chegará o tempo” (Mc 13:33).
Observando, vigiando e orando. Assim posta-se o atalaia divino em sua torre, a fim de agir sacerdotal e profeticamente. Como resultado de sua vigilância, alerta o povo de Deus e, por este povo, intercede. Ato contínuo, denúncia o pecado, a opressão e a idolatria deste mesmo povo.
Informações seguras e fidedignas levam-nos a intercessões eficazes.
VI. NÃO TENHA MEDO, MAS SEJA PRUDENTE E SÁBIO
Num período de crise, as primeiras vítimas são a coragem, a razão e o bom-senso. Em face dessa calamidade, vençamos de imediato o medo, para que este não venha a escravizar-nos. O presidente Franklin Delano Roosevelt, que governou os Estados Unidos, durante a Segunda Guerra Mundial, declarou: “A única coisa que devemos temer é o próprio medo”. Portanto, jamais temamos o medo. O Deus de Israel estará conosco no vale da sombra e morte, no vale da decisão e, no vale do desafio, não nos abandonará.
1. O vale da sombra e morte. Após enfrentar a morte face a face, em não poucas ocasiões, declarou Davi em sua composição mais amada: “Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam” (Sl 23:4).
Em momentos como este, não fujamos nem ao vale, nem à sombra e muito menos à morte; o Deus de Israel está conosco. Observaremos, sim, os cuidados prescritos; fazê-lo é a nossa obrigação. Mas, desde já, estamos cientes desta áurea proposição: nossas vidas estão nas mãos de Deus. Segundo o seu querer, viveremos. E, de acordo com a sua vontade, morreremos. Quer vivamos quer morramos, louvado seja o nome do Senhor.
2. O vale do desafio. Estando os israelitas acampados no vale do Carvalho, e já prestes a enfrentar os filisteus, eis que sai Golias a desafiar o povo de Deus a uma peleja singular. E, por 40 dias ininterruptos, o gigante oprimiu Israel com aquela cantilena, até que Davi, revestido pela virtude do Espírito Santo, deitou-o por terra (1Sm 17:16,50-52).
Antes, os quarenta dias de afrontas e desafios do filisteu; agora, a quarentena que nos restringe, em casa, e impede-nos de administrar o dia a dia.
Aquietemo-nos. Não estamos sós.
Não somos desafiados por um homem de dois metros e 83 centímetros; desafia-nos, nesta hora, um agente infeccioso de, no máximo, 500 nanômetros. Embora invisível a olho nu, é tão nocivo quanto Golias, não somente por sua letalidade, mas pela publicidade que, inexplicavelmente, veio a angariar. Mas, à semelhança do filisteu, há de cair por terra, pois nem o gigante nem o vírus desafiará impunemente o povo de Deus.
Não se espante com rumores nem com notícias ruins; previna-se e seja forte nesta peleja.
VII. AJA COMO SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO
Neste momento, ajamos como o sal da terra e a luz do mundo, conforme recomenda-nos o Senhor Jesus (Mt 5:13). Aproveitemos este momento, para demonstrar, na prática, o nosso testemunho, a nossa confiança em Jesus Cristo, o eterno Filho de Deus, e a paz que nos inunda o espírito, a alma e o coração.
1. Como sal e luz, falemos de Jesus. Eis uma oportunidade áurea de se levar o Evangelho de Cristo aos desesperançados. Mostremos-lhes que Jesus é o único caminho. Ele é, de fato, a única esperança.
2. Como sal e luz, consolemos os aflitos. Não são poucas as pessoas que, neste momento, acham-se desesperadas e em depressão profunda. Que elas saibam estar o Senhor Jesus no absoluto comando de todas as coisas. E que, em breve, livrar-nos-á Ele deste cativeiro.
3. Como sal e luz, mostremos os efeitos práticos de nossa fé santíssima e da paz que Jesus nos outorgou. Sim, querido irmão, em momentos como este, somos mensageiros da paz que excede todo o entendimento. Somente esta paz, inexplicável e inexcedível, levar-nos-á a ver o amanhã com renovada esperança, porque Deus está conosco.
CONCLUSÃO
Finalmente, querido irmão, não se esqueça de sua igreja e da comunhão dos santos. Ore e interceda por seu pastor. Não deixe de contribuir com seus dízimos e ofertas, porque as despesas de nossos templos não estão de quarentena.
Ore em favor do presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus, pastor José Wellington Costa Júnior.
E, se você, por acaso, perdeu o emprego, não perca a esperança. Surpreenda-se com a vontade de Deus. Este cativeiro, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, não haverá de prosperar, porque Deus é Deus. Aliás, a Igreja de Cristo há de ressurgir mais forte, mais poderosa e aguerrida, no poder do Espírito Santo. Quanto ao Brasil, há de reaparecer como nova potência evangelística, missionária e econômica.
Não deixe de orar pelo presidente Jair Bolsonaro e pelas autoridades constituídas.
Que Deus nos ajude!
Neste cenário pré-apocalípito, vem-me ao espírito uma pergunta, que, sem dúvida, muitos estão a fazer: “Como atravessar o atual momento?”.
Embora eu não seja especialista em crises, partilharei com você, querido irmão, minha experiência pessoal. Desde a chegada desse agente infeccioso, venho observando alguns cuidados espirituais, devocionais e emocionais, com o intuito de afugentar o vírus do medo, mais deletério que o vírus corona. Isso não significa, porém, haja eu descurado as precauções sanitárias recomendadas. Afinal, a Bíblia Sagrada, a inspirada e inerrante Palavra de Deus, recomenda-me sabedoria e prudência em todas as instâncias de minha jornada, aqui na terra.
Se você, irmão querido, permitir-me, mostrar-lhe-ei como venho enfrentando este capítulo tão singular da história dos filhos de Adão e Eva. Em primeiro lugar, busquemos uma definição de crise.
I. COMO DEFINIR UMA CRISE
É na crise que passamos a conhecer o próprio coração. Eis por que Davi rogou com fortes instâncias ao Senhor: “Quem pode entender os seus erros? Expurga-me tu dos que me são ocultos” (Sl 19:12). Foi nas estações mais críticas de sua vida, que o rei de Israel veio a aprofundar a sua comunhão com o Deus de Israel. Haja vista a composição do Salmo 51. Mas, o que vem a ser uma crise? Examinemos-lhe a etimologia.
1. Significado etimológico da palavra crise. O vocábulo “crise”, conforme o encontramos em nossos léxicos, procede da palavra grega krísis. Este termo não significa apenas momento difícil, ou decisivo; significa, outrossim, uma excelente oportunidade de se discernir e de se julgar as coisas.
Em seu Grande Dicionário Etimológico-Prosódico da Língua Portuguesa, o professor Francisco da Silveira Bueno oferece-nos mais algumas adendos acerca da significação dessa palavra: “Transformação, conjuntura e perigo, situação difícil”.
2. Definição de crise. A crise é um período de adversidade singular, que desafia todos os recursos espirituais, morais e emocionais, quer de uma pessoa quer de uma nação, forçando-nos a superar todas as nossas limitações e constrangendo-nos a ir além de nossas forças.
3. Crise, um momento de avaliação, conhecimento e de louvor a Deus. É nas crises que passamos a conhecer melhor a nós mesmos, a nossos irmãos e amigos e, principalmente, a Deus.
a) O conhecimento de si próprio. O Salmista, como excelente teólogo, reconhece que, sem a crise pela qual passara, jamais teria alcançado a perfeição espiritual: “Antes de ser afligido andava errado; mas agora tenho guardado a tua palavra” (Sl 119:67).
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b) O conhecimento do verdadeiro amigo e irmão. Sendo o mais sábio dos homens, o rei Salomão via a crise como um poderoso recurso didático, que nos leva a conhecer melhor o verdadeiro amigo e irmão: “Em todo o tempo ama o amigo e para a hora da angústia nasce o irmão” (Sl 17:17).
c) O conhecimento mais profundo e pessoal de Deus. Não fora a crise, que fortemente o atingira, o patriarca Jó jamais teria se aprofundado em sua comunhão com o Senhor, conforme ele próprio confessa: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (Jó 42:5,6).
A seguir, veremos como retemperar as forças espirituais, psicológicas e emocionais em tempos de crise e de provação.
II. EM PRIMEIRO LUGAR, NÃO SE ESQUEÇA: HÁ UM DEUS NO CÉU
Num momento crítico de seu ministério, estando já apenado à morte, professou Daniel ao rei Nabucodonosor: “Mas há um Deus no céu” (Dn 2:28). Como resultado desta ousada profissão de fé, o santo profeta e seus amigos experimentaram um grande livramento divino na corte babilônica. Nessas instâncias, pois, tomemos as atitudes corretas.
1. Creia que Deus existe. Numa crise como esta, aproxime-se de Deus, querido irmão, crendo que Ele, não somente existe, mas está sempre pronto a intervir em prol dos que o amam. Recomenda o autor sagrado: “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hb 11:6).
2. Creia que Deus trabalha em prol dos que nele confiam. Nessa luta, não estamos sós, pois Deus está a trabalhar em nosso favor; nele esperamos piamente. Consola-nos o profeta Isaías: “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti que trabalha para aquele que nele espera” (Is 64:4).
3. Deus está conosco no fogo da provação. Todos estamos sendo duramente provados. Mas é justamente neste cadinho de aflições e temores, que mais sentimos o amor e a proteção de Deus. Repousemos na promessa divina: “Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti” (Is 43:2).
III. ALIMENTE-SE, DIARIAMENTE, DA PALAVRA DE DEUS
Conta-se que durante a Guerra Civil Americana, que se alongou de 1861 a 1865, o presidente Abraham Lincoln leu, repetidas vezes, o livro de Jó – belíssima obra sapiencial da Bíblia Sagrada. Nas provações do santo patriarca, o mandatário norte-americano achava remanso e paz verdadeira. Em horas de crise, refugiemo-nos na Palavra de Deus.
1. Leia a Bíblia diariamente. Quer na crise quer na bonança, leiamos a Bíblia Sagrada diariamente, para que, diariamente, sejamos alimentados com o pão que desce do Céu. Imitemos o exemplo do Salmista: “Oh! quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia” (Sl 119:97).
2. Lendo-a, tornamo-nos sábios para a vida eterna. Ao ler a Bíblia regularmente, o crente torna-se precavido e sábio; capacita-se a discernir tempos e estações. E jamais se deixa contaminar por anúncios ruins e maldosamente articulados, como sói acontecer em tempos de emergência. Eis como o autor sagrado encarava os maus agouros: “Não se atemoriza de más notícias; o seu coração é firme, confiante no SENHOR” (Sl 112:7).
3. Estudando-a, sabemos que nenhum cativeiro é eterno. No enfrentamento de uma crise, temos a impressão de que esta é eterna. Conhecemos-lhe a gênese, mas não a escatologia. Voltando-nos, porém, ao Livro de Deus, conscientizamo-nos de que nenhuma tristeza há de durar para sempre. O poeta e cantor de Israel, acostumado às lágrimas e bem afeito às aflições, consola-nos: “Porque não passa de um momento a sua ira; o seu favor dura a vida inteira. Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã” (Sl 30:5).
IV. ORE DIARIAMENTE, PORQUE DIARIAMENTE DEUS NOS OUVE
A crise deflagrada pelo vírus corona não desesperançou o povo de Deus. Na cidade pernambucana de Abreu e Lima, por exemplo, os crentes da Assembleia de Deus foram às ruas, dobraram os joelhos e clamaram pela intervenção divina. Conforme o portal de notícias Pleno News, o pastor daquele corajoso e ousado rebanho, irmão Roberto José dos Santos, declarou:
“Todos os nossos irmãos estão em todas as avenidas e ruas, em todas as cidades, orando pelo nosso presidente Jair Bolsonaro, pelas autoridades e pelo nosso Brasil. Esta nação é do Senhor Jesus! Ninguém deterá a marcha do Povo de Deus!”.
Vejamos, agora, por que devemos orar em tempos de crise e de angústia:
1. Devemos orar, porque Deus responde. Embora isolado socialmente e prestes a deprimir-se, o profeta Jeremias foi reconfortado pelo Senhor: “Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes que não sabes” (Jr 33:3). Portanto, não tenhamos medo. Deus está prestes a surpreender-nos com suas misericórdias e grandezas.
2. Devemos orar, porque a nossa oração tem um efeito singular. Apesar de nossa pequenez, insignificância e anonimato, jamais desprezemos o poder de nossa oração, conforme leciona Tiago: “A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tg 5:16). Logo, querido irmão, ao orar ao Deus Único e Verdadeiro, não se subestime; suas orações, feitas com fé e mediadas pelo Espírito Santo, serão respondidas, pelo Pai Celeste, com efeitos inesperados, poderosos e eternos.
3. Devemos orar, porque é a nossa obrigação. Não somente nas crises, mas também nas venturas, oremos pelos que se acham em evidência, para que, no temor de Deus, cumpram os seus deveres em prol do bem comum. Ouçamos o apóstolo Paulo:
“Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade; porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade. Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (1Tm 2:1-4).
V. NÃO DÊ LUGAR AOS RUMORES, MAS PROCURE SEMPRE A VERDADE
John Wesley (1703-1791) lia regularmente os jornais, para ver o que Deus estava fazendo no mundo. O fundador da Igreja Metodista, entretanto, como sábio e precavido obreiro de Cristo, sabia como filtrar as notícias que, diariamente, chegavam-lhe através da imprensa. Semelhante precaução tomaremos nós, a fim de que não nos submerjam em informações dúbias, inexatas e tendenciosas. Mas, desde já, agradeço a Deus pelos jornalistas que, com fidelidade, exatidão e sem parcialidades, buscam retratar-nos a realidade dos fatos.
1. Os boatos desagradam a Deus e prejudicam o povo. Quem ama a pátria e faz do jornalismo os olhos e os ouvidos da nação, como diria Rui Barbosa, jamais divulga boatos e inverdades. Mas, responsável e criteriosamente, realça a veracidade dos acontecimentos, pois a boataria leva o desassossego e a ruína a todos. Quanto às informações imprecisas e dúbias, adverte-nos o Senhor por intermédio de Moisés:
“Não espalharás notícias falsas, nem darás mão ao ímpio, para seres testemunha maldosa. Não seguirás a multidão para fazeres mal; nem deporás, numa demanda, inclinando-te para a maioria, para torcer o direito” (Ex 23:1,2).
No entanto, volto a repetir, louvo a Deus pelos órgãos de imprensa, que porfiam em retratar-nos, fidedignamente, todos os lados de uma ocorrência.
2. Examinemos tudo e retenhamos o bem. Através da mídia, chegam-nos, a cada minuto, avalanches de informações. Não é sem razão, pois, que temos de ser cuidadosos e seletivos ante uma notícia. Examinemo-la rigorosamente; vejamos-lhe a procedência e provemo-la de maneira crítica, prudente e sábia, conforme recomenda o apóstolo Paulo aos irmãos de Tessalônica: “Examinai tudo. Retende o bem” (1Ts 5:21).
Não podemos recepcionar acriticamente uma notícia. Se esta não primar pela imparcialidade, descartemo-la. Jamais nos coloquemos sob a tirania da mídia; tenhamos a verdade como a nossa máxima referência, conforme declara o doutor dos gentios: “Porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade” (2 Co 13:8).
3. Tenhamos informações seguras, com o intento de levar adiante o ministério da intercessão. No desempenho do ministério da intercessão, carecemos de informações seguras e fidedignas; doutra forma, como apresentaremos nossas petições ao Senhor? Levemos em conta, então, a tríplice observação do Mestre Divino: “Olhai, vigiai e orai; porque não sabeis quando chegará o tempo” (Mc 13:33).
Observando, vigiando e orando. Assim posta-se o atalaia divino em sua torre, a fim de agir sacerdotal e profeticamente. Como resultado de sua vigilância, alerta o povo de Deus e, por este povo, intercede. Ato contínuo, denúncia o pecado, a opressão e a idolatria deste mesmo povo.
Informações seguras e fidedignas levam-nos a intercessões eficazes.
VI. NÃO TENHA MEDO, MAS SEJA PRUDENTE E SÁBIO
Num período de crise, as primeiras vítimas são a coragem, a razão e o bom-senso. Em face dessa calamidade, vençamos de imediato o medo, para que este não venha a escravizar-nos. O presidente Franklin Delano Roosevelt, que governou os Estados Unidos, durante a Segunda Guerra Mundial, declarou: “A única coisa que devemos temer é o próprio medo”. Portanto, jamais temamos o medo. O Deus de Israel estará conosco no vale da sombra e morte, no vale da decisão e, no vale do desafio, não nos abandonará.
1. O vale da sombra e morte. Após enfrentar a morte face a face, em não poucas ocasiões, declarou Davi em sua composição mais amada: “Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam” (Sl 23:4).
Em momentos como este, não fujamos nem ao vale, nem à sombra e muito menos à morte; o Deus de Israel está conosco. Observaremos, sim, os cuidados prescritos; fazê-lo é a nossa obrigação. Mas, desde já, estamos cientes desta áurea proposição: nossas vidas estão nas mãos de Deus. Segundo o seu querer, viveremos. E, de acordo com a sua vontade, morreremos. Quer vivamos quer morramos, louvado seja o nome do Senhor.
2. O vale do desafio. Estando os israelitas acampados no vale do Carvalho, e já prestes a enfrentar os filisteus, eis que sai Golias a desafiar o povo de Deus a uma peleja singular. E, por 40 dias ininterruptos, o gigante oprimiu Israel com aquela cantilena, até que Davi, revestido pela virtude do Espírito Santo, deitou-o por terra (1Sm 17:16,50-52).
Antes, os quarenta dias de afrontas e desafios do filisteu; agora, a quarentena que nos restringe, em casa, e impede-nos de administrar o dia a dia.
Aquietemo-nos. Não estamos sós.
Não somos desafiados por um homem de dois metros e 83 centímetros; desafia-nos, nesta hora, um agente infeccioso de, no máximo, 500 nanômetros. Embora invisível a olho nu, é tão nocivo quanto Golias, não somente por sua letalidade, mas pela publicidade que, inexplicavelmente, veio a angariar. Mas, à semelhança do filisteu, há de cair por terra, pois nem o gigante nem o vírus desafiará impunemente o povo de Deus.
Não se espante com rumores nem com notícias ruins; previna-se e seja forte nesta peleja.
VII. AJA COMO SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO
Neste momento, ajamos como o sal da terra e a luz do mundo, conforme recomenda-nos o Senhor Jesus (Mt 5:13). Aproveitemos este momento, para demonstrar, na prática, o nosso testemunho, a nossa confiança em Jesus Cristo, o eterno Filho de Deus, e a paz que nos inunda o espírito, a alma e o coração.
1. Como sal e luz, falemos de Jesus. Eis uma oportunidade áurea de se levar o Evangelho de Cristo aos desesperançados. Mostremos-lhes que Jesus é o único caminho. Ele é, de fato, a única esperança.
2. Como sal e luz, consolemos os aflitos. Não são poucas as pessoas que, neste momento, acham-se desesperadas e em depressão profunda. Que elas saibam estar o Senhor Jesus no absoluto comando de todas as coisas. E que, em breve, livrar-nos-á Ele deste cativeiro.
3. Como sal e luz, mostremos os efeitos práticos de nossa fé santíssima e da paz que Jesus nos outorgou. Sim, querido irmão, em momentos como este, somos mensageiros da paz que excede todo o entendimento. Somente esta paz, inexplicável e inexcedível, levar-nos-á a ver o amanhã com renovada esperança, porque Deus está conosco.
CONCLUSÃO
Finalmente, querido irmão, não se esqueça de sua igreja e da comunhão dos santos. Ore e interceda por seu pastor. Não deixe de contribuir com seus dízimos e ofertas, porque as despesas de nossos templos não estão de quarentena.
Ore em favor do presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus, pastor José Wellington Costa Júnior.
E, se você, por acaso, perdeu o emprego, não perca a esperança. Surpreenda-se com a vontade de Deus. Este cativeiro, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, não haverá de prosperar, porque Deus é Deus. Aliás, a Igreja de Cristo há de ressurgir mais forte, mais poderosa e aguerrida, no poder do Espírito Santo. Quanto ao Brasil, há de reaparecer como nova potência evangelística, missionária e econômica.
Não deixe de orar pelo presidente Jair Bolsonaro e pelas autoridades constituídas.
Que Deus nos ajude!
+ Médicos voluntários do Projeto Missão Covid atendem pessoas com suspeita da doença ou com dúvidas sobre o novo coronavírus.
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